quinta-feira, 14 de março de 2013

Capitulo 1 - Prolegômenos à promessa: a era pre-patriarcal


Gênesis 1-11

A estrutura e propósito de Gênesis

A teologia de todo o livro de Gêneses encontra-se na bondade de Deus ao estender suas bênçãos do plano da promessa, a partir da criação até a escolha da linhagem de Abraão como meio pelo qual Deus abençoaria as nações do mundo com sua dádiva das boas novas.
Segundo Kaiser, existe uma sequencia contínua da criação até a linhagem de Adão, da linhagem de Adão até a linhagem de Noé, da linhagem de Noé até os três filhos de Noé, destes até Sem e então até Terá, o pai de Abraão.
A Teologia desta seção (Genesis 1 – 11) é um desenvolvimento unificado levado adiante pela Palavra de Deus. Tudo começou com uma palavra de poder criador; termina com uma palavra de promessa.
A estrutura de Genesis 1- 11, exibe a justa posição  da dádiva divina da benção com a revolta do homem. A revolta do homem, por sua vez, evidencia-se nas três catástrofes: a queda, o dilúvio e a destruição da torre de Babel.
O autor representa a dupla operação de fracasso humano e da palavra especial da parte de Deus respectivamente da seguinte forma:

·         A queda (Gn 3) -> Promessa de uma semente (Gn 3:15);
·         O dilúvio (Gn 4: 4-8) -> A promessa de que Deus habitaria nas tendas de Sem (Gn 9 : 25-27);
·         A dispersão (Gn 11) -> A promessa de benção em escala mundial (Gn 12: 1-3).

A palavra de criação

O mundo começou pela palavra de um Deus pessoal que se comunica. A criação é descrita como o resultado da palavra dinâmica de Deus.
Segundo Kaiser, a criação através da palavra enfatiza mais do que o método. Seu desígnio proposital e a função pré-deterninada de todas as coisas, eram destacados uma vez que Deus frequentemente dava nome àquilo que criava. Ele dava nome a estas coisas, então era possuidor delas, porque a pessoa somente dá nome àquilo que possui ou sobre o qual exerce jurisdição.
Deus iniciou o processo de criação a partir de nada mais que sua própria palavra e os dias de criação chegam ao clímax na criação do homem e da mulher.
A vitalidade humana era uma dádiva direta da parte de Deus, porque antes disso Adão não era alma vivente até que Deus tomasse do pó da terra, lhe desse forma e soprasse nele o fôlego de vida. Eva também foi edificada por Deus, de maneira tal que foi assegurada a sua proximidade de Adão.  Ambos originaram-se da mão de Deus.
O homem estava tão vinculado à terra que, assim como se alterou a sua sorte, assim passou a ser a sorte da natureza; e a mulher era igualmente vinculada ao homem. Ambos, homem e mulher, compartilhavam em pé de igualdade da dádiva mais sublime já dada a qualquer das ordens da criação: a imagem de Deus.
Deus deu benefícios àquele casal: deveriam subjugar e ter domínio sobre toda a criação. O homem deveria ser vice-regente de Deus e, a ele, portanto, tinha que prestar contas. A criação foi um beneficio para o homem, mas o homem tinha que ser proveitoso para Deus.
Ao sétimo dia da criação Deus descansou e fez com que o sétimo dia fosse santo, como memorial perpétuo à criação do universo inteiro e tudo quanto nele havia. Toda função, todo ser, e toda benção necessária para levar a efeito a vida e suas alegrias estavam disponíveis.

A primeira palavra da promessa: A semente

Deus colocou a arvore do conhecimento do bem e do mal no jardim do Éden para testar a obediência do homem. A arvore, representava a possibilidade de o homem rebelar-se contra o plano de Deus.
A serpente que era o mais astuto de todos os animais do campo, também estava presente. O Novo testamento identifica essa serpente como Satanás.
Kaiser propõe que Satanás se disfarçou de anjo no jardim do Éden, quando levou a mulher a comer da arvore do conhecimento do bem e do mal, caindo assim em pecado. Para a mulher era uma pessoa e não algum dos animais, porque não expressou surpresa quando lhe falou.
A serpente, consistentemente falava por conta própria no diálogo com a mulher, não era representante de outra pessoa.
Adão também desobedeceu, mas com menos motivos de pressão do que àquela que fora aplicada à mulher. Nesse ínterim, se haveria de vir alguma benção de algum lugar, seria da parte de Deus, que pronunciou uma palavra profética de juízo dirigida à serpente, por ter ludibriado a mulher, à mulher por ter escutado à serpente e ao homem por ter escutado à mulher. Ninguém escutou a Deus e como consequência a própria terra sentiria os efeitos da queda do homem.
Surgiu então a surpreendente palavra profética de libertação da parte de Deus: Ele desferiria um golpe mortal na cabeça de Satanás, enquanto este poderia, no máximo, dar uma mordida no calcanhar do descendente da mulher.
A benção do plano da promessa de Deus para a humanidade continuou de fato. A humanidade foi abençoada no campo (Gn 4: 1-2) e nos avanços culturais também (Gn 4:17-22).
Entrementes, assim como Adão e Eva foram expulsos do jardim do Éden, assim também Cain, que assassinou seu irmão Abel, foi condenado a ser fugitivo e errante pela terra (Gn 4: 12–16).

A segunda palavra da promessa: o Deus que habita nas tendas de Sem

A segunda crise do mundo foi a subversão da instituição do Estado, levando um populacho desregrado a pratica da iniquidade. (Gn 4: 23-24). Em meio à benção divina, surgiu o caminho da maldade. Os potentados daqueles dias, começaram a multiplicar esposas para si mesmos como bem entendiam.
Kaiser os identifica como “filhos de Deus”. Esses acumularam excessos e abusaram dos propósitos dos seus ofícios. Tais “gigantes” ou aristocratas tinham de ser interrompidos em suas iniquidades. Deus deu por perdida a humanidade.
Noé, porém, encontrou graça aos olhos de Deus. Instruído por Deus, construiu uma arca. Assim ele e sua família experimentaram a salvação da parte de Deus enquanto o juízo veio sobre o resto da raça humana.
Deus abençoou a Noé, sua família e a toda criatura vivente na terra, no ar e no mar. Neste ponto Deus acrescentou a sua aliança especial com a natureza. Ele manteria o plantio e a colheita, frio e calor, verão e inverno, dia e noite, sem interrupção enquanto durasse a terra (Gn 8: 22).
A palavra de julgamento e de salvação atingiu seu ponto mais alto através de Noé depois de ficar sabendo o que seu filho Cam lhe fizera enquanto estava dormindo sob efeito do vinho (Gn 9: 25-27). Kaiser coloca que, diante deste acontecido, Deus prometeu a um dos filhos de Noé, a saber Sem, uma benção especial. Ele mesmo habitaria entre os povos semíticos. Assim sendo, Sem seria aquele através de quem a “semente” prometida anteriormente haveria de vir.

A terceira palavra da promessa: uma benção para todas as nações

                A terceira crise que Kaiser destaca nesse período foi o esforço conjunto feito pela raça humana para organizar e conservar a sua unidade em derredor dalgum símbolo arquitetônico (Gn 11:4). Queriam fazer para si um nome, para que não fossem espalhados pela face da terra.
                Mais uma vez, os corações dos homens se desviaram para longe da gloria de Deus e de sua providencia. O julgamento divino contra os homens veio na forma dupla de confusão da linguagem deles e na dispersão dos povos por toda a face da terra. Ainda, assim, Deus mais uma vez interveio com uma palavra de benção dirigida a um descendente de Sem: Abraão. Ele mesmo seria abençoado e, por meio desta benção, ele haveria de ser uma benção para todas as nações da terra por intermédio da graça. A promessa, portanto era universal, e a participação nela seria apenas limitada à resposta da fé.
                A grande ruína da primeira desobediência humana, a distorção tirânica do poder político e as orgulhosas aspirações à unidade com base humanística, levaram aos juízos  da queda, do dilúvio e da dispersão da raça humana.
                Junto aos temas de pecado-julgamento, veio uma palavra nova, com respeito a uma “semente”, uma raça entre a qual Deus habitaria e a benção daquilo que futuramente Paulo chamaria de “boas novas” do evangelho oferecida a cada nação sobre a face da terra.


5 comentários:

  1. É muito interessante neste capítulo como podemos evidenciar a graça de Deus sendo aplicada até mesmo no período adâmico. Outro ponto precioso é a revelação progressiva da promessa de Deus, que, de certa forma, culminou em "completo" com Abraão: Uma semente, um povo e uma bênção (vai se revelando de forma mais específica e plena no decorrer do AT). Além disso,fica muito claro como Deus, desde o princípio resolve, segundo sua sublime sabedoria, eleger um povo para o qual sua promessa será dirigida. Poderíamos chamar, a semelhança de alguns outros autores, de mensagem do proto-evangelho revelado no livro de Gênesis. Muito precioso o conteúdo do capítulo 1! Ass.: João Nelson.

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  2. O resumo feito pelo irmão Glairton do capitulo 1 do livro "o plano da promessa de Deus",na minha opinião ficou muito bem dividido,com explicações cabíveis ao próprio texto.O que nos chama atenção é o fato de que Deus em sua eterna soberania,criou todas as coisas pelo poder de sua palavra,temos então a estrutura literária de gênesis que estão incutidos os propósitos e seus ensinamentos, teologicamente o livro concentra-se na bondade de DEUS ao estender suas bençãos do plano da promessa usando de misericórdia.um outro ponto importantíssimo é a "unidade" da promessa apontando sempre pera um "Redentor" masculino,de modo que Deus sempre comunicou aos homens na era pre-patriarcal,posteriormente em diversos planos estratégicos no desenrolar da narrativa,temos ali a palavra "benção" ou"abençoar", aproximadamente 88 vezes no livro de gênesis,assim diz o próprio Kaiser que o plano da promessa de Deus começou com o uso do tema "benção". "Que grande livro"!!!. Gerson viana.

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  3. O resumo foi muito bem elaborado, com uma boa estrutura, mostrando o assunto principal, assim como citou o nosso irmão João Nelson, que é a providência de Deus no período do Gênesis, para que se cumprisse a sua promessa, sempre escolhendo de dentro da humanidade perdida, alguns para que sirvam de instrumento para seu propósito.

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  4. Me chama a atenção o plano de Deus sendo revelado de maneira progressiva,seu mandato cultural,mesmo apos a queda do homem. Mesmo assim,apesar da queda de Adao, por exemplo , os seres humanos ainda continuam cuidando da terra(mordomia).Gen.1.26,28.
    Apesar de nossa queda, vemos um Deus que se revela à criação ,sendo ele Revelador em seu Maravilhoso plano.
    Ass.: Tiago Madeira

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  5. Resumo muito bem escrito. Nos mostra claramente de uma forma compilada o propósito de Gênesis na visão do autor Walter Kaiser. Descrevendo as palavras da criação, a semente, o Deus que habita nas tendas de Sem e uma benção para todas as nações. Parabéns!

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