Gênesis 1-11
A estrutura e propósito de Gênesis
A teologia de todo o livro de Gêneses
encontra-se na bondade de Deus ao estender suas bênçãos do plano da promessa, a partir da criação até a escolha da linhagem de Abraão
como meio pelo qual Deus abençoaria as nações do mundo com sua dádiva das boas
novas.
Segundo Kaiser, existe uma
sequencia contínua da criação até a linhagem de Adão, da linhagem de Adão até a
linhagem de Noé, da linhagem de Noé até os três filhos de Noé, destes até Sem e
então até Terá, o pai de Abraão.
A Teologia desta seção
(Genesis 1 – 11) é um desenvolvimento unificado levado adiante pela Palavra de Deus. Tudo começou com uma palavra de poder criador; termina com uma
palavra de promessa.
A estrutura de Genesis 1- 11,
exibe a justa posição da dádiva divina
da benção com a revolta do homem. A revolta do homem, por sua vez, evidencia-se
nas três catástrofes: a queda, o dilúvio e a destruição da torre de Babel.
O autor representa a dupla
operação de fracasso humano e da palavra especial da parte de Deus
respectivamente da seguinte forma:
·
A queda (Gn 3) -> Promessa de uma semente (Gn
3:15);
·
O dilúvio (Gn 4: 4-8) -> A promessa de que
Deus habitaria nas tendas de Sem (Gn 9 : 25-27);
·
A dispersão (Gn 11) -> A promessa de benção
em escala mundial (Gn 12: 1-3).
A palavra de
criação
O mundo começou pela palavra
de um Deus pessoal que se comunica. A criação é descrita como o resultado da
palavra dinâmica de Deus.
Segundo Kaiser, a criação
através da palavra enfatiza mais do que o método. Seu desígnio proposital e a
função pré-deterninada de todas as coisas, eram destacados uma vez que Deus frequentemente
dava nome àquilo que criava. Ele dava nome a estas coisas, então era possuidor
delas, porque a pessoa somente dá nome àquilo que possui ou sobre o qual exerce
jurisdição.
Deus iniciou o processo de
criação a partir de nada mais que sua própria palavra e os dias de criação
chegam ao clímax na criação do homem e da mulher.
A vitalidade humana era uma
dádiva direta da parte de Deus, porque antes disso Adão não era alma vivente
até que Deus tomasse do pó da terra, lhe desse forma e soprasse nele o fôlego
de vida. Eva também foi edificada por Deus, de maneira tal que foi assegurada a
sua proximidade de Adão. Ambos
originaram-se da mão de Deus.
O homem estava tão vinculado à
terra que, assim como se alterou a sua sorte, assim passou a ser a sorte da
natureza; e a mulher era igualmente vinculada ao homem. Ambos, homem e mulher,
compartilhavam em pé de igualdade da dádiva mais sublime já dada a qualquer das
ordens da criação: a imagem de Deus.
Deus deu benefícios àquele
casal: deveriam subjugar e ter domínio sobre toda a criação. O homem deveria
ser vice-regente de Deus e, a ele, portanto, tinha que prestar contas. A
criação foi um beneficio para o homem, mas o homem tinha que ser proveitoso
para Deus.
Ao sétimo dia da criação Deus
descansou e fez com que o sétimo dia fosse santo, como memorial perpétuo à
criação do universo inteiro e tudo quanto nele havia. Toda função, todo ser, e
toda benção necessária para levar a efeito a vida e suas alegrias estavam
disponíveis.
A primeira palavra
da promessa: A semente
Deus colocou a arvore do
conhecimento do bem e do mal no jardim do Éden para testar a obediência do
homem. A arvore, representava a possibilidade de o homem rebelar-se contra o
plano de Deus.
A serpente que era o mais
astuto de todos os animais do campo, também estava presente. O Novo testamento
identifica essa serpente como Satanás.
Kaiser propõe que Satanás se
disfarçou de anjo no jardim do Éden, quando levou a mulher a comer da arvore do
conhecimento do bem e do mal, caindo assim em pecado. Para a mulher era uma
pessoa e não algum dos animais, porque não expressou surpresa quando lhe falou.
A serpente, consistentemente
falava por conta própria no diálogo com a mulher, não era representante de
outra pessoa.
Adão também desobedeceu, mas
com menos motivos de pressão do que àquela que fora aplicada à mulher. Nesse
ínterim, se haveria de vir alguma benção de algum lugar, seria da parte de
Deus, que pronunciou uma palavra profética de juízo dirigida à serpente, por
ter ludibriado a mulher, à mulher por ter escutado à serpente e ao homem por
ter escutado à mulher. Ninguém escutou a Deus e como consequência a própria
terra sentiria os efeitos da queda do homem.
Surgiu então a surpreendente
palavra profética de libertação da parte de Deus: Ele desferiria um golpe mortal
na cabeça de Satanás, enquanto este poderia, no máximo, dar uma mordida no
calcanhar do descendente da mulher.
A benção do plano da promessa de
Deus para a humanidade continuou de fato. A humanidade foi abençoada no campo
(Gn 4: 1-2) e nos avanços culturais também (Gn 4:17-22).
Entrementes, assim como Adão e
Eva foram expulsos do jardim do Éden, assim também Cain, que assassinou seu
irmão Abel, foi condenado a ser fugitivo e errante pela terra (Gn 4: 12–16).
A segunda palavra
da promessa: o Deus que habita nas tendas de Sem
A segunda crise do mundo foi a
subversão da instituição do Estado, levando um populacho desregrado a pratica
da iniquidade. (Gn 4: 23-24). Em meio à benção divina, surgiu o caminho da
maldade. Os potentados daqueles dias, começaram a multiplicar esposas para si
mesmos como bem entendiam.
Kaiser os identifica como “filhos
de Deus”. Esses acumularam excessos e abusaram dos propósitos dos seus ofícios. Tais “gigantes” ou aristocratas tinham de ser interrompidos em suas
iniquidades. Deus deu por perdida a humanidade.
Noé, porém, encontrou graça
aos olhos de Deus. Instruído por Deus, construiu uma arca. Assim ele e sua família
experimentaram a salvação da parte de Deus enquanto o juízo veio sobre o resto
da raça humana.
Deus abençoou a Noé, sua família
e a toda criatura vivente na terra, no ar e no mar. Neste ponto Deus
acrescentou a sua aliança especial com a natureza. Ele manteria o plantio e a colheita,
frio e calor, verão e inverno, dia e noite, sem interrupção enquanto durasse a
terra (Gn 8: 22).
A palavra de julgamento e de
salvação atingiu seu ponto mais alto através de Noé depois de ficar sabendo o
que seu filho Cam lhe fizera enquanto estava dormindo sob efeito do vinho (Gn
9: 25-27). Kaiser coloca que, diante deste acontecido, Deus prometeu a um dos filhos de Noé, a saber Sem, uma benção especial. Ele mesmo habitaria entre os povos semíticos. Assim sendo,
Sem seria aquele através de quem a “semente” prometida anteriormente haveria de
vir.
A terceira palavra da promessa: uma benção para todas as nações
A terceira
crise que Kaiser destaca nesse período foi o esforço conjunto feito pela raça
humana para organizar e conservar a sua unidade em derredor dalgum símbolo arquitetônico
(Gn 11:4). Queriam fazer para si um nome, para que não fossem espalhados pela
face da terra.
Mais uma vez, os corações dos homens se desviaram
para longe da gloria de Deus e de sua providencia. O julgamento divino contra
os homens veio na forma dupla de confusão da linguagem deles e na dispersão dos
povos por toda a face da terra. Ainda, assim, Deus mais uma vez interveio com
uma palavra de benção dirigida a um descendente de Sem: Abraão. Ele mesmo seria
abençoado e, por meio desta benção, ele haveria de ser uma benção para todas as
nações da terra por intermédio da graça. A promessa, portanto era universal, e
a participação nela seria apenas limitada à resposta da fé.
A grande ruína da primeira desobediência humana, a
distorção tirânica do poder político e as orgulhosas aspirações à unidade com
base humanística, levaram aos juízos da
queda, do dilúvio e da dispersão da raça humana.
Junto aos temas de pecado-julgamento, veio uma
palavra nova, com respeito a uma “semente”, uma raça entre a qual Deus
habitaria e a benção daquilo que futuramente Paulo chamaria de “boas novas” do
evangelho oferecida a cada nação sobre a face da terra.
É muito interessante neste capítulo como podemos evidenciar a graça de Deus sendo aplicada até mesmo no período adâmico. Outro ponto precioso é a revelação progressiva da promessa de Deus, que, de certa forma, culminou em "completo" com Abraão: Uma semente, um povo e uma bênção (vai se revelando de forma mais específica e plena no decorrer do AT). Além disso,fica muito claro como Deus, desde o princípio resolve, segundo sua sublime sabedoria, eleger um povo para o qual sua promessa será dirigida. Poderíamos chamar, a semelhança de alguns outros autores, de mensagem do proto-evangelho revelado no livro de Gênesis. Muito precioso o conteúdo do capítulo 1! Ass.: João Nelson.
ResponderExcluirO resumo feito pelo irmão Glairton do capitulo 1 do livro "o plano da promessa de Deus",na minha opinião ficou muito bem dividido,com explicações cabíveis ao próprio texto.O que nos chama atenção é o fato de que Deus em sua eterna soberania,criou todas as coisas pelo poder de sua palavra,temos então a estrutura literária de gênesis que estão incutidos os propósitos e seus ensinamentos, teologicamente o livro concentra-se na bondade de DEUS ao estender suas bençãos do plano da promessa usando de misericórdia.um outro ponto importantíssimo é a "unidade" da promessa apontando sempre pera um "Redentor" masculino,de modo que Deus sempre comunicou aos homens na era pre-patriarcal,posteriormente em diversos planos estratégicos no desenrolar da narrativa,temos ali a palavra "benção" ou"abençoar", aproximadamente 88 vezes no livro de gênesis,assim diz o próprio Kaiser que o plano da promessa de Deus começou com o uso do tema "benção". "Que grande livro"!!!. Gerson viana.
ResponderExcluirO resumo foi muito bem elaborado, com uma boa estrutura, mostrando o assunto principal, assim como citou o nosso irmão João Nelson, que é a providência de Deus no período do Gênesis, para que se cumprisse a sua promessa, sempre escolhendo de dentro da humanidade perdida, alguns para que sirvam de instrumento para seu propósito.
ResponderExcluirMe chama a atenção o plano de Deus sendo revelado de maneira progressiva,seu mandato cultural,mesmo apos a queda do homem. Mesmo assim,apesar da queda de Adao, por exemplo , os seres humanos ainda continuam cuidando da terra(mordomia).Gen.1.26,28.
ResponderExcluirApesar de nossa queda, vemos um Deus que se revela à criação ,sendo ele Revelador em seu Maravilhoso plano.
Ass.: Tiago Madeira
Resumo muito bem escrito. Nos mostra claramente de uma forma compilada o propósito de Gênesis na visão do autor Walter Kaiser. Descrevendo as palavras da criação, a semente, o Deus que habita nas tendas de Sem e uma benção para todas as nações. Parabéns!
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