sábado, 30 de março de 2013

Cap 6 A vida na promessa: a era sapiencial


(Jó, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos)

Adalberto Mesquita

O autor inicia descrevendo sobre o estudo dos livros sapienciais, um segundo a consideração dos judeus protestantes sobre os livros: Jó, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos. Ressaltando também a existência da linha de estudos católicos com a adição dos livros apócrifos de Eclesiásticos e a Sabedoria de Salomão.

Livro de Jó
            Considerado pelos estudiosos como literatura de sabedoria, o autor defende o conceito de que o livro se apresenta melhor no período patriarcal, pelas semelhanças encontradas em passagens de Gênesis, baseado no comentário de Edward Dhome, como por exemplo a riqueza de Jó (1:3) e a prosperidade de Isaque (Gn 26:13-14). Apresenta Jó com duas estruturas literárias diferentes, narrativa e poética.
            Atualmente a linha de pensamento se opõe a ideia original e descreve que se trata de um tipo totalmente diferenciado, posicionando o livro em um contexto de lamento. Segundo Claus Westermann, afirma que a tipologia do gênero não interfere na interpretação.
             Com relação a controvérsia a respeito de Jó, o autor descreve que também se assemelha nessa questão Salmos com sua singularidade no que diz respeito a divisão de estilos encontrados. Segundo o autor se divide em duas vertentes: estilo literal e forma temática. Baseando-se em outros estudos de diversos autores ele descreve os seguintes estilos: 1-estrutura alfabética; 2- ditos numéricos; bem-aventuranças; 4 ditos daquilo é melhor; 5- comparações; 6-discursos de pai para filho; 7- emprego do vocabulário sapiencial; 8- emprego de provérbios e similaridades. Identificando os seguintes Salmos como sendo de sabedoria: 1;19b;32;34;37;49;78;111;112;119;127;128 e 133.
            A literatura de sabedoria contém legados teológicos dos tempos mosaicos e a história profética. Ideia defendida em ordem inversa por Moshe Weinfeld que descreve o paralelismo existente entre Deuteronômio e os livros de sabedoria, como por exemplo, em Dt 4:2 e Pv 30:5-6. Provando que a sabedoria não se separa completamente das literaturas anteriores as sapienciais, seguindo até o livro dos profetas.

Provérbios
            Descreve a composição dos vários autores do livro, tais como: Salomão, os assistentes do rei Ezequias, Agur e Lemuel, tendo como propósito a instrução educacional na sabedoria, retidão, justiça, equidade, prudência e conhecimento aos jovens, como base o versículo 7 do capítulo 1.
O temor do Senhor e a vida no Senhor
            Vincula a promessa patriarcal à lei e a sabedoria. Hans Wolff observou que a norma de Deus, dirige-se ao propósito estabelecido aos patriarcas: o temor a Deus. Descreve também o temor a Deus iniciado em resposta a fé de Abrahão, José em Gênesis e a qualidade de vida de Jó.
O autor considera que na era mosaica, aumentou-se a visibilidade do temor a Deus, como Israel temia a Deus no Êxodo (Ex 14:31). Deuteronômio fez com que o temor ao Senhor se tornasse um ponto focal (Dt 4:10). Evidenciando que o temor é o resultado de ouvir, aprender e responder a Palavra de Deus, amando e servindo ao Senhor. Confirmado por R. N Whybray, acrescentando a lealdade e a adoração.
Nos livros sapiências o temor ao Senhor era essência do conhecimento e sabedoria. Em provérbios era o lema, Eclesiastes era o argumento e Jó fazia parte do poema. Para termos ideia o temor ao Senhor ocorre treze vezes em Provérbios.
O autor descreve a vida no Senhor como uma relação entre o temor do Senhor e a vida propriamente dita (Pv 10:27). Livros sapienciais demonstram que o ensino dos sábios e o temor ao Senhor são “fonte de vida”, confirmado em Pv 13:14. Porém é explicado que esta vida não seria apenas material, e sim espiritual. Roland E. Murphy resume os temas sapienciais em: “temor ao Senhor”, “justiça”, “entendimento” e “honestidade”, resultando a “vida” da confiança e obediência.
            Conclui que a didática fundamental da sabedoria em Provérbios são as seguintes descritas no capítulo 8:
·         A excelência da sabedoria;
·         As origens da sabedoria;
·         As bênçãos da sabedoria;

Eclesiastes
            O maior argumento apresentado da unidade de toda a verdade secular e aquela chamada de sagrada encontra-se em Eclesiastes segundo o autor. O temor a Deus aparece seis vezes, antes do grande final do seu argumento no capítulo 12 verso 13.
J. Stafford Wright cita Eclesiastes 3:11 como versículo chave. Pois a humanidade, segundo ele, em si mesma e por si mesma não pode juntar as peças do quebra-cabeça da vida.
Kaiser descreve que a “vaidade de vaidades” de Eclesiastes não significa que a vida é enfadonha, cheia de futilidade, de vazio. Descreve na verdade que a “vaidade” é apenas que a vida “em” e “por” si mesma não pode oferecer a chave do seu próprio significado, nem libertar a pessoa. Somente pelo temor a Deus é que se tem uma unificação da verdade e conhecimento da vida.
O conselho descrito era a aplicação às situações mais práticas da vida. O alvo era a confirmação dos padrões de retidão descritos na lei de Moisés. O temor a Javé era exatamente o que se exigia em Deuteronômio. Tanto a sapiência quanto a lei refletiam respostas adequadas dos que tinha fé autêntica na promessa.
Sabedoria do Senhor / Eudemonismo e o Senhor
            O autor explica que a sabedoria não pode subsistir em separado da fonte da sabedoria. Ela se acha em Deus, a não ser que o homem dobre seus joelhos em respeito e reverência, sabendo da incapacidade de tornar-se sábio por si só. Desta forma cita a conexão ou associação do temor ao Senhor com a sabedoria, denota a natureza religiosa de toda sabedoria. Ou seja, apoiado relacionamento pessoal com o Senhor.
            Ditados sapienciais parecem apontar obrigações morais apenas em prol do bem-estar ou a felicidade. No entanto deixa de capitar a intenção do autor em atingir a verdade. O sábio segundo ele era aquele que observava um plano e ordem divinos estabelecidos em todas as coisas. E o galardão viria com a obediência às leis de Deus e o trabalho honesto. Todavia, todo evento na vida era abrangido pelo plano de Deus (Ec 3:1). Não se trata do homem por si só ganhar sua recompensa, mas sim Deus que galardoa. Pois é esclarecido que adversidades nem sempre são males, assim como prosperidade materiais nem sempre são bens. Portanto o autor conclui que a capacidade de ser feliz, abençoado e de ter prazer é uma dádiva do alto.

Cântico dos Cânticos
            O autor afirma que Salomão é citado como autor ou um dos personagens principais por pelo menos sete vezes no livro. Descreve como sendo uma canção de amor ou um poema lírico, assim também como ensinamentos sobre a santidade e alegria do casamento.
            Segundo o autor existem 3 personagens principais: Salomão, a virgem Sulamita e o namorado com quem a virgem deseja casar-se. Declara que em meio as experiências vividas por Salomão, ele aprendeu muita verdade abre a pretensão de Deus para o casamento. O livro é dedicado inteiramente ao tema. Confirma a autoria de Salomão ao livro pela relação da introdução feita em Provérbios 5:15-21. Descreve a intenção de Salomão inspirado pelo Espírito Santo de ensinar sobre a fidelidade conjugal. Portanto tinha a intenção de ser um comentário sobre Gênesis 2:24, como manual de benção no amor conjugal.
O relacionamento entre a literatura e a Torá
            É descrito que as seções sapienciais são descritas como calcanhar de Aquiles de quase todas as teorias bíblicas. Os livros de sabedorias eram tratados com algo separado do desenvolvimento teológico da bíblia, segundo o autor. Cita como exemplo Provérbios como uma iniciativa secular para necessidade de governar o estado. A erudição moderna, contrária às afirmações internas do Antigo testamento, considerou a literatura sapiencial como algo a parte ao teor geral veterotestamentário, sobretudo a lei de Deus. Porém argumento  do autor para tal ideia é que no plano da promessa de Deus, existe correspondências entre a Torá e os livros de sabedoria. Por exemplo, existem diversas leis da Torá que acharam espaço na forma de provérbios. Tremper Longman, indicou uma série de correspondências entre o Decálogo (Ex 20:12-17) e Provérbios, como por exemplo: o quinto mandamento Provérbios 1.8; 4:1;10:1;13.1 entre outros mandamentos.
            Segundo Kaiser o Tema do “temor do Senhor/de Deus” é o ponto de conexão entre as formas antigas e tardias da doutrina da promessa, presente no Pentateuco, com exceção de Números. A ligação entre a promessa e a sabedoria era a mesma ligação vista entre a lei e a promessa. A sabedoria empregava a instrução da Torá.
            Portanto “O temor do Senhor” é o tema do livro de Jó, Provérbios e Eclesiastes, onde se explica o temor e a obediência como sabedoria. Além das instruções para um relacionamento conjugal sábio através de Cântico dos Cânticos.

3 comentários:

  1. Bem interessante a relação da promessa dentro dos livros de sabedoria, principalmente nas interligações com os livros de Deuteronômio, embasando assim a necessidade de darmos atenção a tais livros.
    Ass.: João Nelson.

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  2. Muito bem elaborado o resumo do capítulo que trata das promessas nos livros sapienciais, onde a busca pela sabedoria vinda de Deus é evidenciada como uma das maiores dádivas.

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