(Jó, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos)
Adalberto
Mesquita
O autor
inicia descrevendo sobre o estudo dos livros sapienciais, um segundo a
consideração dos judeus protestantes sobre os livros: Jó, Provérbios,
Eclesiastes e Cântico dos Cânticos. Ressaltando também a existência da linha de
estudos católicos com a adição dos livros apócrifos de Eclesiásticos e a
Sabedoria de Salomão.
Livro
de Jó
Considerado pelos estudiosos como literatura de
sabedoria, o autor defende o conceito de que o livro se apresenta melhor no
período patriarcal, pelas semelhanças encontradas em passagens de Gênesis,
baseado no comentário de Edward Dhome, como por exemplo a riqueza de Jó (1:3) e
a prosperidade de Isaque (Gn 26:13-14). Apresenta Jó com duas estruturas
literárias diferentes, narrativa e poética.
Atualmente a linha de pensamento se opõe a ideia original
e descreve que se trata de um tipo totalmente diferenciado, posicionando o
livro em um contexto de lamento. Segundo Claus Westermann, afirma que a
tipologia do gênero não interfere na interpretação.
Com relação a
controvérsia a respeito de Jó, o autor descreve que também se assemelha nessa
questão Salmos com sua singularidade no que diz respeito a divisão de estilos
encontrados. Segundo o autor se divide em duas vertentes: estilo literal e
forma temática. Baseando-se em outros estudos de diversos autores ele descreve
os seguintes estilos: 1-estrutura alfabética; 2- ditos numéricos;
bem-aventuranças; 4 ditos daquilo é melhor; 5- comparações; 6-discursos de pai
para filho; 7- emprego do vocabulário sapiencial; 8- emprego de provérbios e
similaridades. Identificando os seguintes Salmos como sendo de sabedoria:
1;19b;32;34;37;49;78;111;112;119;127;128 e 133.
A literatura de sabedoria contém legados teológicos dos
tempos mosaicos e a história profética. Ideia defendida em ordem inversa por
Moshe Weinfeld que descreve o paralelismo existente entre Deuteronômio e os
livros de sabedoria, como por exemplo, em Dt 4:2 e Pv 30:5-6. Provando que a
sabedoria não se separa completamente das literaturas anteriores as
sapienciais, seguindo até o livro dos profetas.
Provérbios
Descreve a composição dos vários autores do livro, tais
como: Salomão, os assistentes do rei Ezequias, Agur e Lemuel, tendo como
propósito a instrução educacional na sabedoria, retidão, justiça, equidade,
prudência e conhecimento aos jovens, como base o versículo 7 do capítulo 1.
O
temor do Senhor e a vida no Senhor
Vincula a promessa patriarcal à lei e a sabedoria. Hans
Wolff observou que a norma de Deus, dirige-se ao propósito estabelecido aos
patriarcas: o temor a Deus. Descreve também o temor a Deus iniciado em resposta
a fé de Abrahão, José em Gênesis e a qualidade de vida de Jó.
O autor
considera que na era mosaica, aumentou-se a visibilidade do temor a Deus, como
Israel temia a Deus no Êxodo (Ex 14:31). Deuteronômio fez com que o temor ao
Senhor se tornasse um ponto focal (Dt 4:10). Evidenciando que o temor é o
resultado de ouvir, aprender e responder a Palavra de Deus, amando e servindo
ao Senhor. Confirmado por R. N Whybray, acrescentando a lealdade e a adoração.
Nos
livros sapiências o temor ao Senhor era essência do conhecimento e sabedoria.
Em provérbios era o lema, Eclesiastes era o argumento e Jó fazia parte do poema.
Para termos ideia o temor ao Senhor ocorre treze vezes em Provérbios.
O autor
descreve a vida no Senhor como uma relação entre o temor do Senhor e a vida propriamente
dita (Pv 10:27). Livros sapienciais demonstram que o ensino dos sábios e o
temor ao Senhor são “fonte de vida”, confirmado em Pv 13:14. Porém é explicado
que esta vida não seria apenas material, e sim espiritual. Roland E. Murphy
resume os temas sapienciais em: “temor ao Senhor”, “justiça”, “entendimento” e “honestidade”,
resultando a “vida” da confiança e obediência.
Conclui que a didática fundamental da sabedoria em
Provérbios são as seguintes descritas no capítulo 8:
·
A
excelência da sabedoria;
·
As
origens da sabedoria;
·
As bênçãos
da sabedoria;
Eclesiastes
O maior argumento apresentado da unidade de toda a
verdade secular e aquela chamada de sagrada encontra-se em Eclesiastes segundo
o autor. O temor a Deus aparece seis vezes, antes do grande final do seu
argumento no capítulo 12 verso 13.
J.
Stafford Wright cita Eclesiastes 3:11 como versículo chave. Pois a humanidade,
segundo ele, em si mesma e por si mesma não pode juntar as peças do
quebra-cabeça da vida.
Kaiser
descreve que a “vaidade de vaidades” de Eclesiastes não significa que a vida é
enfadonha, cheia de futilidade, de vazio. Descreve na verdade que a “vaidade” é
apenas que a vida “em” e “por” si mesma não pode oferecer a chave do seu próprio
significado, nem libertar a pessoa. Somente pelo temor a Deus é que se tem uma
unificação da verdade e conhecimento da vida.
O
conselho descrito era a aplicação às situações mais práticas da vida. O alvo
era a confirmação dos padrões de retidão descritos na lei de Moisés. O temor a
Javé era exatamente o que se exigia em Deuteronômio. Tanto a sapiência quanto a
lei refletiam respostas adequadas dos que tinha fé autêntica na promessa.
Sabedoria do Senhor /
Eudemonismo e o Senhor
O autor explica que a sabedoria não pode subsistir em
separado da fonte da sabedoria. Ela se acha em Deus, a não ser que o homem
dobre seus joelhos em respeito e reverência, sabendo da incapacidade de
tornar-se sábio por si só. Desta forma cita a conexão ou associação do temor ao
Senhor com a sabedoria, denota a natureza religiosa de toda sabedoria. Ou seja,
apoiado relacionamento pessoal com o Senhor.
Ditados sapienciais parecem apontar obrigações morais
apenas em prol do bem-estar ou a felicidade. No entanto deixa de capitar a
intenção do autor em atingir a verdade. O sábio segundo ele era aquele que
observava um plano e ordem divinos estabelecidos em todas as coisas. E o
galardão viria com a obediência às leis de Deus e o trabalho honesto. Todavia,
todo evento na vida era abrangido pelo plano de Deus (Ec 3:1). Não se trata do
homem por si só ganhar sua recompensa, mas sim Deus que galardoa. Pois é
esclarecido que adversidades nem sempre são males, assim como prosperidade
materiais nem sempre são bens. Portanto o autor conclui que a capacidade de ser
feliz, abençoado e de ter prazer é uma dádiva do alto.
Cântico
dos Cânticos
O autor afirma que Salomão é citado como autor ou um dos
personagens principais por pelo menos sete vezes no livro. Descreve como sendo
uma canção de amor ou um poema lírico, assim também como ensinamentos sobre a
santidade e alegria do casamento.
Segundo o autor existem 3 personagens principais:
Salomão, a virgem Sulamita e o namorado com quem a virgem deseja casar-se. Declara
que em meio as experiências vividas por Salomão, ele aprendeu muita verdade abre
a pretensão de Deus para o casamento. O livro é dedicado inteiramente ao tema.
Confirma a autoria de Salomão ao livro pela relação da introdução feita em
Provérbios 5:15-21. Descreve a intenção de Salomão inspirado pelo Espírito
Santo de ensinar sobre a fidelidade conjugal. Portanto tinha a intenção de ser
um comentário sobre Gênesis 2:24, como manual de benção no amor conjugal.
O relacionamento entre a
literatura e a Torá
É descrito que as seções sapienciais são descritas como
calcanhar de Aquiles de quase todas as teorias bíblicas. Os livros de
sabedorias eram tratados com algo separado do desenvolvimento teológico da
bíblia, segundo o autor. Cita como exemplo Provérbios como uma iniciativa
secular para necessidade de governar o estado. A erudição moderna, contrária às
afirmações internas do Antigo testamento, considerou a literatura sapiencial
como algo a parte ao teor geral veterotestamentário, sobretudo a lei de Deus.
Porém argumento do autor para tal ideia
é que no plano da promessa de Deus, existe correspondências entre a Torá e os
livros de sabedoria. Por exemplo, existem diversas leis da Torá que acharam espaço
na forma de provérbios. Tremper Longman, indicou uma série de correspondências
entre o Decálogo (Ex 20:12-17) e Provérbios, como por exemplo: o quinto
mandamento Provérbios 1.8; 4:1;10:1;13.1 entre outros mandamentos.
Segundo Kaiser o Tema do “temor do Senhor/de Deus” é o
ponto de conexão entre as formas antigas e tardias da doutrina da promessa,
presente no Pentateuco, com exceção de Números. A ligação entre a promessa e a
sabedoria era a mesma ligação vista entre a lei e a promessa. A sabedoria
empregava a instrução da Torá.
Portanto “O temor do Senhor” é o tema do livro de Jó,
Provérbios e Eclesiastes, onde se explica o temor e a obediência como
sabedoria. Além das instruções para um relacionamento conjugal sábio através de
Cântico dos Cânticos.
Bem interessante a relação da promessa dentro dos livros de sabedoria, principalmente nas interligações com os livros de Deuteronômio, embasando assim a necessidade de darmos atenção a tais livros.
ResponderExcluirAss.: João Nelson.
Muito bem elaborado o resumo do capítulo que trata das promessas nos livros sapienciais, onde a busca pela sabedoria vinda de Deus é evidenciada como uma das maiores dádivas.
ResponderExcluirMuito bom!
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