quarta-feira, 19 de junho de 2013



Apêndice C: Definição e método de teologia do Antigo Testamento

Capítulo 1: A importância da definição e da metodologia

Kaiser começa com um breve histórico acerca da definição e método da teologia bíblica. Ele cita que desde 1993 a teologia bíblica ocupa um lugar eminente no campo dos estudos teológicos. No entanto, afirma o autor, alguns teólogos como Langdon B. Gilkey e James Barr produziram, cada, um ensaio que atacou o coração do Movimento de Teologia Bíblica quando desmascarou sua dividida posição entre modernismo e Escrituras. Estes autores concluíram que esse movimento permanecera dentro das categorias do liberalismo. Mesmo assim, continua o autor, a busca de uma terceira alternativa era a tentativa de reter aquilo que todos, menos os conservadores concordavam: o resultado assegurado da crítica das fontes. Porém, cita Kaiser, o lançamento das obras de Walther Eichrodt e Gerhard Von Rad anunciaram a ominosa reversão ao tipo de estudo que tratava unicamente da história da religião de Israel.

Segundo Kaiser, ficou óbvio que a era pós-Von Rad estava entregue a uma grande medida de auto análise, e alguns problemas reais de metodologia haviam ficado sem soluçaõ. Vários autores, citados pelo dr. Kaiser, se lançaram com propostas de teologias do Antigo Testamento.

O dr. Kaiser, então, questiona: onde estamos agora? Ele afirma que algumas coisas podem ser respondidas, coisas essas que se tornaram bastante claras. O autor afirma que, de fato, se há alguma mudança a ser observada é a de que a autoridade das Escrituras foi desprezada nesse período. Assim, ao analisar os trinta anos de história da teologia bíblica, Kaiser afirma que pode-se verificar o ensino de algo: foi ressaltada a necessidade desesperada de uma solução às questões não respondidas sobre deifinição, método e objeto para a teologia do Antigo Testamento.

A natureza da teologia do Antigo Testamento

Eichrodt, segundo Kaiser, iniciou a dita “idade de ouro” com um ataque contra o historicismo que reinava em seus dias ao afirmar que “a essencial coerência interior do Antigo e do Novo Testamento foi reduzida, por assim dizer, a um tênue fio de conexão histórica e sequência causal entre os dois”. Porém, em Von Rad volta o historicismo quando este negou qualquer fundamento histórico genuíno para a confissão de fé do povo de Israel no Senhor, como também mudou o objeto de estudo teológico de um enfoque na Palavra de Deus e sua obra para conceitos religiosos de Israel. Porém, Kaiser argumenta que se Von Rad estava no caminho certo na abordagem diacrônica e longitudinal que dava atenção à sequência cronológica do Antigo Testamento e de sua mensagem, Eichrodt também estava parcialmente correto quando evidenciou que nenhuma teologia era possível caso não houvesse alguns conceitos constantes ou normativos no decurso daquela história.

O dr. Kaiser afirma que o então do texto antigo repentinamente tornou-se o agora das necessidades do leitor atual, niguém sabendo como ou por qual processo. Ele continua afirmando que em tais modelos, a fé moderna e a anunciação contemporânea (Geschichte e querigma) facilmente tomavam o lugar da história (Historie) e da exegese. Kaiser cita, então, que se uma busca indutiva do registro do Antigo Testamento revelar um padrão constante de eventos progressivos, com significados e ensinamentos em que os evolvidos ficavam cônscios da participação de cada evento selecionado num todo maior, então o caminho do progresso da disciplina terá sido fixado. O autor ainda afirma que o texto deve ser, primeiro, tratado de acordo com seus próprios termos. Assim, Kaiser insiste que, se o registro bíblico tem licença para falar sua própria intenção em primeiro lugar, isso claramente indica um progresso, crescimento, desenvolvimento, movimento, revelações irregulares e esporádicas de significado, e seleções de eventos no pleno fluxo de correntes históricas. Ele ainda argumenta que somente o embaraço de um espírito por demais refinado pela modernidade se sentiria obrigado, por algum compromisso anterior a um princípio filosófico ou a uma sociologia do conhecimento, a julgar impossíveis tais reivindicações textuais mesmo antes de serem achadas culpadas com base em cânones aceitáveis de evidência.

Kaiser encerra esta sessão afirmando que a natureza da teologia do Antigo Testamento não é unicamente uma teologia que está em conformidade com a Bíblia inteira, mas é uma teologia descrita e contida na Bíblia e vinculada de forma consciente de era em era, enquanto todo o contexto atecedente e mais antigo se torna a base para a teologia que se seguia em cada era. Sua estrutura é organizada historicamente, e seu conteúdo é controlado exegeticamente. Sua conceitualização unificada e seu centro se acham em descrições, explanações e conexões textuais.

O método de teologia do Antigo Testamento

Kaiser cita e apresenta quatro tipos principais de métodos para a formação da teologia do Antigo Testamento. Partindo disso, ele questiona se há um tema ou plano interno, persistente, distintivo e característico que demarcaria a preocupação central do Antigo Testamento. Como resposta, o autor afirma que há sim um centro ou plano interior com o qual cada escritor contribuía conscientemente. Um princípio de seletividade já se percebia evidente e divinamente determinado pela revelação rudimentar do tema divino da bênção – promessa para todos os homens em todos os lugares.

Kaiser, então, propõe que em sua metodologia, a teologia bíblica extrai a própria estrutura de abordagem da progressão histórica do texto, e a seleção e as conclusões teológicas são feitas a partir daquelas que se acham no enfoque canônico, assim, concordando parcialmente com a metodologia do tipo diacrônico, bem como a do tipo estrutural.

O escopo da teologia do Antigo Testamento

O dr. Kaiser começa esta sessão tecendo alguns questionamentos, como se deve-se incluir matérias de fora do cânon do Antigo Testamento; se deve-se tentar incluir todo o Antigo Testamento com todos os seus detalhes, ou pode desenvolver-se algum tipo razoável de cobertura representativa que apresentará os interesses de uma teologia total do Antigo Testamento.

Kaiser responde a primeira pergunta afirmando que o escopo do seu estudo é corretamente restrito aos livros canônicos da coleção judaica. O autor ressalta que é necessário observar mais um fato: a teologia do Antigo Testamento é disciplina legítima e distinta da teologia do Novo Testamento, porém, aquela tendo a obrigação de indicar as vinculações com esta e vice-versa.

A motivação para a teologia do Antigo Testamento

O dr. Kaiser cita que com as fortunas críticas passando da abordagem puramente descritiva à teologia bíblica, e com uma aproximação maior dos métodos de estudo de história das religiões, a necessidade de estabelecer distinção entre essas duas disciplinas é ainda mais urgente do que na luta anterior com a teologia sistemática. Ele continua citando que em vez de descobrir uma parte sobreposta nas áreas sistemáticas ou históricas, a teologia bíblica é uma ferramenta dupla do exegeta. Que sua aplicação mais imediata está na área da hermenêutica.

Kaiser finaliza sua argumentação discorrendo que o uso bem estudado dos resultados da teologia bíblica marcará a mensagem permanente como estando fundamentada na especificidade histórica. Dessa forma, a exegese terá os maiores benefícios dos esforços da teologia bíblica, equanto, de maneira menos direta, a sistemática também desejará consultar seus resultados com aqueles da teologia exegética, da história do dogma, e da filosofia da religião.

João Nelson.

4 comentários:

  1. Olá irmão, parabéns pelo seu resumo! Sabemos que é muito importante essa questão dos pressupostos de teólogos bíblicos, pois tem ocorrido uma variação grandiosa nos quesitos da definição e métodos teológicos. Diante de todas as variantes, Kaiser reforça que há solução para essas questões, mas para isso é preciso que os teólogos tirem seus próprios métodos definitivos e se voltem para os cânons, pois libertaria a disciplina da sua periódica escravidão às modas reinantes da filosofia. Parabéns joão Nelson por sua abordagem desse assunto.

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  2. muito bem comentado! achei bem desenvolvido o pensamento, a organização dos pontos principais. Gerson Viana

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  3. Muito bom comentário do nosso irmão João Nelson, bem elaborado e de entendimento acessível ao leitor que a prestigia. Parabéns Nelson pelo ótimo resumo.. MICHAEL HALYSSON - Pastor Luiz estou enviando pelo email do meu amigo flávio por que não consegui enviar pelo o meu.. grato.



    MICHAEL HALYSSON

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