A DEFESA DO
EVANGELHO: O PROBLEMA DE ISRAEL
Rm 9-11
1.
Introdução
geral
2.
Introdução
a perícope
3.
Esboço
a.
A
Angustia Amorosa de Paulo – Israel no presente – sob maldição
b.
Os
Privilégios Graciosos de Israel – Israel no passado – sob benção
c.
Aplicações
Introdução Geral
Por que Rm 9-11?
Muitos
não veem nenhuma relação entre Rm 1-8 [que diz respeito de como Deus nos faz
justos e trabalha por estes] e Rm 12-16 [que trata de como os justificados devem
viver]. De Rm 8:39 deveria se seguir para Rm 12:1. Poderíamos esperar, depois
do “hino” a fidelidade e ao amor inabalável de Deus pelos eleitos e a segurança
destes expressa em Rm 8:31-39 o fim da carta e a transição para as exortações
práticas vistas em Rm 12 em diante. Mas não é o que ocorre, entre esses dois
pontos se crava Rm 9-11. Por que?
Alguns
veem essa seção como um “parêntesis” “desvio” “apêndice” [Lloyd-Jones] outros,
contrário, creem que aqui está o cerne da epístola ou “clímax” [Stendahl] que
as duas partes [Rm 1-8,12-16] trata-se de introdução e conclusão. Rm 9-11 é a parte
mais importante no argumento da carta, algo essencial. Então por que Paulo
escreve Rm 9-11? Por que esta parte é importante e essencial? Por que falar
sobre Israel? Duas situação:
1.
A rejeição de Israel na história da salvação
A
figura de Israel e seu passado, presente e futuro precisa ser devidamente
tratados à luz da história da salvação. Os judeus [israelitas] foram os
receptores de tantos privilégios e não experimentam a salvação oferecida por
Cristo, foram objetos do amor eletivo de Deus, mas estão endurecidos e são
inimigos de Deus [Rm 11:28].
A
maioria dos judeus rejeitaram o evangelho [Jo 1:11] mas o evangelho é o poder
“primeiro” dos judeus [Rm 1:16]. Paulo
ao apresentar o evangelho explicou que os judeus não são salvos, não estão
garantidos porque “todos pecaram” “não há um justo” [Rm 2], mas eles eram o
“povo escolhido” de Deus no AT? Essa situação de Israel levanta vários
questionamentos. Quais?
Paulo
afirmou com respeito a nós que Deus nos levaria a glória final [Rm 8:30], mas
pense no momento alguém dizendo a Paulo: “Você diz que quando Deus chama
alguém, ele sempre os leva até o lar. E quanto aos judeus? Deus os chamou, mas
a maioria dos judeus rejeitou o Cristo no momento presente. Então, talvez o
chamado e o propósito de Deus possam ser rejeitados! Se Deus prometeu que
Israel seria seu povo, a maioria não creu em Cristo, isso significa que a
promessa, o poder ou a misericórdia de Deus falhou?
Portanto, a questão da incredulidade judaica é de
vital importância, não só para as igrejas do primeiro século que contêm judeus
e gentios, mas também para nós. Isso nos leva profundamente a quem Deus é, e
como ele age na história da salvação.
2.
A aplicação das bênçãos que pertenciam a Israel e que
agora são desfrutadas pela igreja.
Não
só é a rejeição de Israel que cria problema, mas a aceitação dos gentios
aumenta, dando a entender, aparentemente, que Israel não foi só deserdado, mas
substituído. O que fora então, aparentemente prometido ou que pertencia a
Israel no AT Paulo aplica aos crentes no NT, seja judeu ou gentio. Os cristãos
são herdeiros e filhos de Abraão, tem o Espírito, herdarão a glória. Paulo já
tinha afirmado que seu ensino não implicava em cancelamento das vantagens dos
judeus [Rm 3:1-4]. Agora ele elabora mais profundamente.
a.
O
evangelho está enraizado no AT [continuidade], desprezar Israel e dizer que ele
foi substituído pela igreja é descartar o evangelho de Deus, pois o Deus aí é o
mesmo que falou e atuou na história de Israel. O Deus que fez promessas a
Israel é o mesmo que fez promessas a nós. Então Paulo deve provar que Deus não
fez nada no evangelho que seja inconsistente com sua promessa a Israel, que o
evangelho que ele prega não é a negação, mas a afirmação do plano de Deus revelado
no AT [Rm 1:2, 3:21], por isso, você verá que ele vai citar muito o AT para
demonstrar que não há inconsistência em Deus e nem no seu plano. Ele está
cumprindo suas palavras, ele é consistente e fiel a suas promessas que são
vistas no VT e agora no NT. De uma certa forma tem-se aqui não somente uma
defesa de Israel e seu futuro, mas uma defesa do caráter de Deus.
b.
Paulo
usa o estilo dialógico, marca de Romanos. São perguntas retóricas para mover
seu argumento. É como se estivesse um oponente fictício, mas há uma audiência
real, um público alvo que ele tem em vista e um problema pastoral, a unidade e
a relação deste no corpo de Cristo. Ele tem um propósito prático em Romanos é
unir judeus e gentios cristãos em torno do evangelho. Ele combate a presunção dos gentios na
comunidade, ao sinalizar que o evangelho não é abandono de Israel, mas ele
deixa claro também os judeus e cristãos judeus que presume que sua herança
religiosa é a base de sua salvação. Paulo, portanto, critica os extremistas dos
dois lados, preparando o caminho para a sua reconciliação.
c.
A incredulidade de
Israel é uma questão de significado não só para os cristãos romanos, nem para
os cristãos do primeiro século em geral, mas para todos os cristãos. O evangelho
apresentado no NT é realmente um cumprimento do AT, sua conclusão natural? Ou é
uma traição? Ele ensina que o evangelho
é a continuação natural da história de salvação do AT, essa visão se opõe ao
extremo de cortar o evangelho do AT [um desprezo do AT, um desprezo a Israel] e
o outro extremo de judaizar o evangelho.
Romanos
9-11, portanto, é parte integrante da carta de Paulo aos romanos. Esses
capítulos contribuem para a exposição de Paulo sobre o evangelho, mostrando que
ele fornece plenamente as promessas de Deus para Israel, quando essas promessas
são corretamente entendidas.
Pr. Luiz Correia
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