sábado, 30 de março de 2013

Capítulo 7

O  Dia da Promessa:

Profetas do século IX a.C.
Obadias, Joel.

os profetas agora podiam concentrar-se no plano e reino de Deus mundial. Infelizmente, Porém, o pecado de Israel exigia uma porção significativa de atenção dos profetas. Mesmo assim, existiam misturadas com as palavras de juízo e condenação, as brilhantes perspectivas do reino eterno de Deus conforme fora anunciada havia tanto tempo nas promessas. “era uma profecia permanente do tempo vindouro, e também era uma doutrina religiosa para o presente”. A uma conexão inseparável entre a palavra  profética e a historia e a geografia nas quais se situava aquela palavra. Os profetas eram proclamadores de retidão, pregando tanto a lei quanto a promessa, a graça e o juízo, para motivar o povo ao arrependimento e uma vida de obediência, dentro da vontade e do plano de Deus. Suas predições frequentemente eram anunciadas como incentivos aos seus contemporâneos quanto a vida santa naquele tempo, uma vez que o futuro pertencia a Deus e ao seu reino justo.

O livro de Obadias

 obadias, com vinte e um versículos, é o livro mais curto do antigo testamento. Obadias  é identificado apenas por seu nome, o que leva a alguns a acreditar que ambos os casos descrevem sua missão em vez de sua identidade . Obadias significa “servo do Senhor”. A mensagem de Obadias era uma profecia contra o vizinho oriental de Israel, Edom, que descendia de Esaú (Gn 36). A mensagem de Deus para Edom tratou, primeiramente, com seu orgulho por sua posição geográfica, sua riqueza por cobrar pedágio nas rotas comerciais que passavam pela nação, suas alianças com muitas das nações mercantis, e sua atitude de auto-suficiência (Ob 2.9), Edom também foi castigado pela violência que fez a seu irmão Jacó isso é Israel e pela maneira que se manteve indiferente no dia da derrota de Israel, não lhe oferecendo nenhuma ajuda e conspirando com o inimigo (v, 10-14), Edom será julgado pelo que fez e Israel será restaurado (v, 15-21). Pela primeira vez na literatura profética, achamos em Obadias a expressão “dia do SENHOR” aquela nação receberia no dia do Senhor, o mesmo tratamento que as nações pagãs. Quanto ao cumprimento desta profecia, Obadias combinou em um só quadro, aquilo que a historia separou em tempos e eventos diferentes. Na realidade, Judas macabeu, João hircano, Alexandre janeu e a oposição dos zelotes ao domínio romano levaram a efeito o colapso dos edomitas ou idumeus. Aquilo, porém, era apenas amostra do triunfo final de Deus contra todas as nações hostis aparentadas. Dessa forma, o dia do Senhor percorria toda a historia do reino de Deus de tal modo que ocorria em cada julgamento especifico como evidência de seu cumprimento completo, que estava perto e se aproximava.

O livro de Joel

Dado que Joel está situado entre Oseias e Amós, no cânon hebraico dos profetas menores; os inimigos de Judá são nações circunvizinhas, e não os impérios  posteriores da Assíria, Babilonia ou Pérsia; mais da metade dos cetenta e  três vesciculos do livro são citados pelos outros profetas; e o livro não menciona nenhum rei que governava em Judá, parece equilibrado datar a redação de Joel para os dias de Joás, rei de judá (835-796 a C.), durante sua minoridade, quando o seu governo estava a cargo dos sacerdotes e ançiãos. O livro foi escrito para explicar o cataclismica praga de gafanhotos que sobreveio ao interior de Judá (jl 1.2-4). Contudo, atentava para além dessa circunstância imediata, olhando para o dia escatológico “dia do Senhor”, quando Deus julgaria todas as nações da terra. O problema da praga de gafanhoto foi aumentado pela seca e pelo fogo (1.19-20). Assim os beberrões choravam por não haver vinho (1.5), os sacerdotes lementavam por não haver produtos para os sacrificios (1.9), e os fazendeiros desesperavam-se pela ruina de suas plantações (1.11). chegara a hora de vestir pano de saco e jejuar, em arrependimento nacional (1.13-14). O dia do Senhor, porém, era, aqui também, mais do que julgamento. Era um tempo de libertação para todas aqueles que invocassem o nome do Senhor (2.32), acompanhado por sinais cósmicos anunciando a sua chegada (v.30.31). e conforme já foi notado, era caracterizado pelo derramamento do Espirito do Senhor sobre toda a carne (v.28.29). o livro pode ser resumido da seguinte forma – Pecado, Julgamento, restauração, promessa e realização.


os números das genealogias de Gêneses podem ser usados para calcular a data de nascimento de Adão?

A mais importante observação que se pode fazer sobre o uso teologico dos números de anos em que os dez antediluvianos de Gêneses 5.3-32 e os nove ou dez pós-diluvianos de Gêneses 11.1-32 tiveram filhos, e o total de anos que viveram, é em que nenhum lugar o texto biblico acrescenta esses números ou os emprega para traçar um registro cronológico do nascimento de Adão ou do número total de anos que se passaram antes e depois do dilúvio. Se contudo, os números de Gêneses 5 e 11 não nos da base para calcularmos a data de nascimento de Adão, porque foram registrados? Existem dois motivos teológicos para a sua inclusão. Primeiramente, o fato de os números do total de anos que cada um deles viveu ficarem em torno de mil anos até duzentos anos demonstra que homens e mulheres foram feitos imortais, mas os efeitos corrosivos do pecado já podiam ser observados até mesmo no aspecto fisico da vida. Em segundo lugar, os mesmos efeitos corrosivos do pecado podiam ser vistos no declinio da idade em que esses mortais conseguiam gerar filhos, passando da avançada idade de quinhentos para vinte e nove anos. Sendo assim, a lista de nomes de Gêneses 5 e 11 registra apenas as pessoas mais importantes que dão continuidade à linhagem e, então, nomeiam o descendente sucessor, ainda que esteja a muitas gerações de distância. Exemplos posteriores na história de Israel apresentam lacunas de sete a dez gerações, com mais frequência desconsideradas do que incluidas, e ainda assim costuma-se dizer que o pai gerou aquele que está a muitas gerações de distância.









Cap 6 A vida na promessa: a era sapiencial


(Jó, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos)

Adalberto Mesquita

O autor inicia descrevendo sobre o estudo dos livros sapienciais, um segundo a consideração dos judeus protestantes sobre os livros: Jó, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos. Ressaltando também a existência da linha de estudos católicos com a adição dos livros apócrifos de Eclesiásticos e a Sabedoria de Salomão.

Livro de Jó
            Considerado pelos estudiosos como literatura de sabedoria, o autor defende o conceito de que o livro se apresenta melhor no período patriarcal, pelas semelhanças encontradas em passagens de Gênesis, baseado no comentário de Edward Dhome, como por exemplo a riqueza de Jó (1:3) e a prosperidade de Isaque (Gn 26:13-14). Apresenta Jó com duas estruturas literárias diferentes, narrativa e poética.
            Atualmente a linha de pensamento se opõe a ideia original e descreve que se trata de um tipo totalmente diferenciado, posicionando o livro em um contexto de lamento. Segundo Claus Westermann, afirma que a tipologia do gênero não interfere na interpretação.
             Com relação a controvérsia a respeito de Jó, o autor descreve que também se assemelha nessa questão Salmos com sua singularidade no que diz respeito a divisão de estilos encontrados. Segundo o autor se divide em duas vertentes: estilo literal e forma temática. Baseando-se em outros estudos de diversos autores ele descreve os seguintes estilos: 1-estrutura alfabética; 2- ditos numéricos; bem-aventuranças; 4 ditos daquilo é melhor; 5- comparações; 6-discursos de pai para filho; 7- emprego do vocabulário sapiencial; 8- emprego de provérbios e similaridades. Identificando os seguintes Salmos como sendo de sabedoria: 1;19b;32;34;37;49;78;111;112;119;127;128 e 133.
            A literatura de sabedoria contém legados teológicos dos tempos mosaicos e a história profética. Ideia defendida em ordem inversa por Moshe Weinfeld que descreve o paralelismo existente entre Deuteronômio e os livros de sabedoria, como por exemplo, em Dt 4:2 e Pv 30:5-6. Provando que a sabedoria não se separa completamente das literaturas anteriores as sapienciais, seguindo até o livro dos profetas.

Provérbios
            Descreve a composição dos vários autores do livro, tais como: Salomão, os assistentes do rei Ezequias, Agur e Lemuel, tendo como propósito a instrução educacional na sabedoria, retidão, justiça, equidade, prudência e conhecimento aos jovens, como base o versículo 7 do capítulo 1.
O temor do Senhor e a vida no Senhor
            Vincula a promessa patriarcal à lei e a sabedoria. Hans Wolff observou que a norma de Deus, dirige-se ao propósito estabelecido aos patriarcas: o temor a Deus. Descreve também o temor a Deus iniciado em resposta a fé de Abrahão, José em Gênesis e a qualidade de vida de Jó.
O autor considera que na era mosaica, aumentou-se a visibilidade do temor a Deus, como Israel temia a Deus no Êxodo (Ex 14:31). Deuteronômio fez com que o temor ao Senhor se tornasse um ponto focal (Dt 4:10). Evidenciando que o temor é o resultado de ouvir, aprender e responder a Palavra de Deus, amando e servindo ao Senhor. Confirmado por R. N Whybray, acrescentando a lealdade e a adoração.
Nos livros sapiências o temor ao Senhor era essência do conhecimento e sabedoria. Em provérbios era o lema, Eclesiastes era o argumento e Jó fazia parte do poema. Para termos ideia o temor ao Senhor ocorre treze vezes em Provérbios.
O autor descreve a vida no Senhor como uma relação entre o temor do Senhor e a vida propriamente dita (Pv 10:27). Livros sapienciais demonstram que o ensino dos sábios e o temor ao Senhor são “fonte de vida”, confirmado em Pv 13:14. Porém é explicado que esta vida não seria apenas material, e sim espiritual. Roland E. Murphy resume os temas sapienciais em: “temor ao Senhor”, “justiça”, “entendimento” e “honestidade”, resultando a “vida” da confiança e obediência.
            Conclui que a didática fundamental da sabedoria em Provérbios são as seguintes descritas no capítulo 8:
·         A excelência da sabedoria;
·         As origens da sabedoria;
·         As bênçãos da sabedoria;

Eclesiastes
            O maior argumento apresentado da unidade de toda a verdade secular e aquela chamada de sagrada encontra-se em Eclesiastes segundo o autor. O temor a Deus aparece seis vezes, antes do grande final do seu argumento no capítulo 12 verso 13.
J. Stafford Wright cita Eclesiastes 3:11 como versículo chave. Pois a humanidade, segundo ele, em si mesma e por si mesma não pode juntar as peças do quebra-cabeça da vida.
Kaiser descreve que a “vaidade de vaidades” de Eclesiastes não significa que a vida é enfadonha, cheia de futilidade, de vazio. Descreve na verdade que a “vaidade” é apenas que a vida “em” e “por” si mesma não pode oferecer a chave do seu próprio significado, nem libertar a pessoa. Somente pelo temor a Deus é que se tem uma unificação da verdade e conhecimento da vida.
O conselho descrito era a aplicação às situações mais práticas da vida. O alvo era a confirmação dos padrões de retidão descritos na lei de Moisés. O temor a Javé era exatamente o que se exigia em Deuteronômio. Tanto a sapiência quanto a lei refletiam respostas adequadas dos que tinha fé autêntica na promessa.
Sabedoria do Senhor / Eudemonismo e o Senhor
            O autor explica que a sabedoria não pode subsistir em separado da fonte da sabedoria. Ela se acha em Deus, a não ser que o homem dobre seus joelhos em respeito e reverência, sabendo da incapacidade de tornar-se sábio por si só. Desta forma cita a conexão ou associação do temor ao Senhor com a sabedoria, denota a natureza religiosa de toda sabedoria. Ou seja, apoiado relacionamento pessoal com o Senhor.
            Ditados sapienciais parecem apontar obrigações morais apenas em prol do bem-estar ou a felicidade. No entanto deixa de capitar a intenção do autor em atingir a verdade. O sábio segundo ele era aquele que observava um plano e ordem divinos estabelecidos em todas as coisas. E o galardão viria com a obediência às leis de Deus e o trabalho honesto. Todavia, todo evento na vida era abrangido pelo plano de Deus (Ec 3:1). Não se trata do homem por si só ganhar sua recompensa, mas sim Deus que galardoa. Pois é esclarecido que adversidades nem sempre são males, assim como prosperidade materiais nem sempre são bens. Portanto o autor conclui que a capacidade de ser feliz, abençoado e de ter prazer é uma dádiva do alto.

Cântico dos Cânticos
            O autor afirma que Salomão é citado como autor ou um dos personagens principais por pelo menos sete vezes no livro. Descreve como sendo uma canção de amor ou um poema lírico, assim também como ensinamentos sobre a santidade e alegria do casamento.
            Segundo o autor existem 3 personagens principais: Salomão, a virgem Sulamita e o namorado com quem a virgem deseja casar-se. Declara que em meio as experiências vividas por Salomão, ele aprendeu muita verdade abre a pretensão de Deus para o casamento. O livro é dedicado inteiramente ao tema. Confirma a autoria de Salomão ao livro pela relação da introdução feita em Provérbios 5:15-21. Descreve a intenção de Salomão inspirado pelo Espírito Santo de ensinar sobre a fidelidade conjugal. Portanto tinha a intenção de ser um comentário sobre Gênesis 2:24, como manual de benção no amor conjugal.
O relacionamento entre a literatura e a Torá
            É descrito que as seções sapienciais são descritas como calcanhar de Aquiles de quase todas as teorias bíblicas. Os livros de sabedorias eram tratados com algo separado do desenvolvimento teológico da bíblia, segundo o autor. Cita como exemplo Provérbios como uma iniciativa secular para necessidade de governar o estado. A erudição moderna, contrária às afirmações internas do Antigo testamento, considerou a literatura sapiencial como algo a parte ao teor geral veterotestamentário, sobretudo a lei de Deus. Porém argumento  do autor para tal ideia é que no plano da promessa de Deus, existe correspondências entre a Torá e os livros de sabedoria. Por exemplo, existem diversas leis da Torá que acharam espaço na forma de provérbios. Tremper Longman, indicou uma série de correspondências entre o Decálogo (Ex 20:12-17) e Provérbios, como por exemplo: o quinto mandamento Provérbios 1.8; 4:1;10:1;13.1 entre outros mandamentos.
            Segundo Kaiser o Tema do “temor do Senhor/de Deus” é o ponto de conexão entre as formas antigas e tardias da doutrina da promessa, presente no Pentateuco, com exceção de Números. A ligação entre a promessa e a sabedoria era a mesma ligação vista entre a lei e a promessa. A sabedoria empregava a instrução da Torá.
            Portanto “O temor do Senhor” é o tema do livro de Jó, Provérbios e Eclesiastes, onde se explica o temor e a obediência como sabedoria. Além das instruções para um relacionamento conjugal sábio através de Cântico dos Cânticos.

terça-feira, 26 de março de 2013


EXERCÍCIOS: Definições das palavras sublinhadas

1.     A ESCOLA DE ALEXANDRIA: Localizada no Egito, Onde se desenvolveu o método alegórico. Desde o inicio, foi bastante influenciada pelo neoplatonismo. Alguns nomes importantes são: O judeu Filo, Panteno, Clemente e Orígenes.                               
 
2.     A ESCOLA DE ANTIOQUIA: Localizada na região da Síria; Percebendo o crescente abandono do sentido literal das Escrituras por parte dos pais alexandrinos, vários líderes da igreja em Antioquia da Síria sublinharam a interpretação histórica, literal. Eles incentivaram o estudo das línguas bíblicas originais (hebraico e grego). Homens importantes como: Doroteu,Luciano (240-312)que foi o fundador da Escola em Antioquiana, Diodoro que foi o mestre dos dois pais mais famosos antioquianos: Teodoro de Mapsuéstia e João Crisóstomo.

3.     SOLA SCRIPTURA :  Conforme “II TM.3:16”. Somente por meio das Escrituras, a revelação tanto da pessoa como da vontade de Deus, o homem pode conhecê-lo, ser salvo e habilitado para boa obra do Senhor. Somente a Escritura é a nossa autoridade religiosa definitiva.

4.     HERMENÊUTICA: Diz-se que a palavra hermenêutica deve sua origem ao nome de Hermes, o deus grego que servia de mensageiro dos deuses, transmitindo e interpretando suas comunicações aos seus afortunados ou, com frequência desafortunados destinatários. Em seu significado técnico, muitas vezes se define hermenêutica como a ciência e a arte da interpretação bíblica. Considera-se a hermenêutica como ciência porque ela tem normas, ou regras, e essas podem ser classificadas num sistema ordenado. É considerada como arte porque a sua comunicação é flexível, e, portanto uma aplicação mecânica e rígida das regras as vezes distorcerá o verdadeiro sentido de uma comunicação. Exige-se do bom intérprete que ele aprenda as regras.

5.     ANALOGIA DA FÉ: A necessária regulação do pensamento tem de ocorrer por meio da Sagrada Escritura. Ela controla o processo de pensamento. O Pensamento deve ser subordinado à palavra de Deus. Se surgem dificuldades, a dúvida não recai sobre a palavra de Deus, mas sobre a própria sabedoria humana.

6.     ANABATISTAS: (rebatizadores) Membros de uma ala radical da reforma que condenava o batismo infantil, Insistindo na existência de uma Igreja de crentes. De maneira geral, eles enfatizavam a autoridade da Bíblia e a separação entre igreja e Estado. É dos Anabatistas que descendem os menonitas e os vários grupos das Igrejas dos irmãos.

7.     O PIETISMO: O pietismo surgiu como reação à exegese dogmática e muitas vezes amarga no período confessional. Philipp Jakob Spener(1635-1705)é considerado o líder do reavivamento pietista. Eles uniram um profundo desejo de entender a palavra de Deus, apreciavam a interpretação histórico-gramatical, porém ao passar dos anos começaram a admirar a “luz interior ou “unção do santo”“. Resultando em interpretações contraditórias.

8.     ESCOLASTICISMO: O escolasticismo incumbiu-se de “colocar o novo conhecimento racional em concordância com os artigos da fé”. Assumiu-se que o homem precisa da sabedoria mundana do paganismo juntamente com a palavra de Deus a fim de produzir real progresso intelectual. A palavra de Deus foi reduzida a somente um de dois pontos focais para determinar sabedoria e conhecimento.



9.     RACIONALISMO: Posição filosófica que aceita a razão como a única autoridade que determina as opções ou curso de ação de alguém,surgiu como importante modo de pensar durante este período e cedo devia causar profundo efeito à teologia e a hermenêutica.
10.            MÉTODO HISTÓRICO CRÍTICO:  


 O método histórico-crítico assumiu desde o início pressupostos dogmáticos que refletem rejeição da autoridade e infalibilidade das Escrituras. Ele também estabeleceu um alvo que é impossível de ser alcançado, ou seja, separar o cânon normativo do cânon formal, estabelecendo exegeticamente a distinção entre Palavra de Deus e Escritura. A verdade é que o cânon bíblico não pode ser dividido entre normativo e formal. O método histórico-crítico, por sua própria natureza, abriu uma enorme brecha entre a academia e a Igreja, não somente pela escassez de resultados e pela evidente desarmonia entre eles, como também por impedir o acesso da Igreja ao conhecimento das Escrituras.
Gerson lima Viana. (I.B. P)

quinta-feira, 21 de março de 2013

Capitulo 2 - As provisões na promessa : A era patriarcal

Genesis 12 -50

"O PLANO DA PROMESSA DE DEUS". AS PROVISÕES NA PROMESSA: A ERA PATRIARCAL. 

Gostaria aqui de destacar alguns pontos que considero importantes, concernentes as provisões na promessa na era dos patriarcas: Abraão,Isaque,Jacó e Jó. 
Segundo o próprio W. Kaiser Jr.escreu em seu livro com o titulo acima, a era patriarcal é crucial para a história,por ser marcante o fato de Deus se comunicar com homens simples,em muitos casos,em tempos e épocas diferentes. 
O chamado de Abraão é um dos pontos de partida após a era pré-patriarcal. Temos uma promessa integrada a benção de Deus,um grande estágio na revelação Divina começou em (Gn.12).
 Abraão,Isaque e Jacó,vieram a ser o marco do plano da promessa de Deus.Os patriarcas foram apresentados como os recipientes frequentes e imediatos de várias formas de revelação Divina,eram homens que tinham acesso imediato a palavra,Deus se dirigia a eles diretamente em palavras faladas,com a expressão bem conhecida na bíblia:"veio a palavra do Senhor a ele"...temos um grande impacto da presença de Deus a esses homens.
Ademais,o relacionamento deles com Deus e a continuada associação Divina com eles não foram cancelados após a morte,porque Ele, O DEUS VIVO E PESSOAL, repetidas vezes se identifica como "O DEUS DE ABRAÃO, O DEUS DE ISAQUE E O DEUS DE JACÓ".(EX.3:6)(cf.Mc.12:26 Lc.20:37) 

Texto resumido por Gerson Viana

quinta-feira, 14 de março de 2013

Capitulo 1 - Prolegômenos à promessa: a era pre-patriarcal


Gênesis 1-11

A estrutura e propósito de Gênesis

A teologia de todo o livro de Gêneses encontra-se na bondade de Deus ao estender suas bênçãos do plano da promessa, a partir da criação até a escolha da linhagem de Abraão como meio pelo qual Deus abençoaria as nações do mundo com sua dádiva das boas novas.
Segundo Kaiser, existe uma sequencia contínua da criação até a linhagem de Adão, da linhagem de Adão até a linhagem de Noé, da linhagem de Noé até os três filhos de Noé, destes até Sem e então até Terá, o pai de Abraão.
A Teologia desta seção (Genesis 1 – 11) é um desenvolvimento unificado levado adiante pela Palavra de Deus. Tudo começou com uma palavra de poder criador; termina com uma palavra de promessa.
A estrutura de Genesis 1- 11, exibe a justa posição  da dádiva divina da benção com a revolta do homem. A revolta do homem, por sua vez, evidencia-se nas três catástrofes: a queda, o dilúvio e a destruição da torre de Babel.
O autor representa a dupla operação de fracasso humano e da palavra especial da parte de Deus respectivamente da seguinte forma:

·         A queda (Gn 3) -> Promessa de uma semente (Gn 3:15);
·         O dilúvio (Gn 4: 4-8) -> A promessa de que Deus habitaria nas tendas de Sem (Gn 9 : 25-27);
·         A dispersão (Gn 11) -> A promessa de benção em escala mundial (Gn 12: 1-3).

A palavra de criação

O mundo começou pela palavra de um Deus pessoal que se comunica. A criação é descrita como o resultado da palavra dinâmica de Deus.
Segundo Kaiser, a criação através da palavra enfatiza mais do que o método. Seu desígnio proposital e a função pré-deterninada de todas as coisas, eram destacados uma vez que Deus frequentemente dava nome àquilo que criava. Ele dava nome a estas coisas, então era possuidor delas, porque a pessoa somente dá nome àquilo que possui ou sobre o qual exerce jurisdição.
Deus iniciou o processo de criação a partir de nada mais que sua própria palavra e os dias de criação chegam ao clímax na criação do homem e da mulher.
A vitalidade humana era uma dádiva direta da parte de Deus, porque antes disso Adão não era alma vivente até que Deus tomasse do pó da terra, lhe desse forma e soprasse nele o fôlego de vida. Eva também foi edificada por Deus, de maneira tal que foi assegurada a sua proximidade de Adão.  Ambos originaram-se da mão de Deus.
O homem estava tão vinculado à terra que, assim como se alterou a sua sorte, assim passou a ser a sorte da natureza; e a mulher era igualmente vinculada ao homem. Ambos, homem e mulher, compartilhavam em pé de igualdade da dádiva mais sublime já dada a qualquer das ordens da criação: a imagem de Deus.
Deus deu benefícios àquele casal: deveriam subjugar e ter domínio sobre toda a criação. O homem deveria ser vice-regente de Deus e, a ele, portanto, tinha que prestar contas. A criação foi um beneficio para o homem, mas o homem tinha que ser proveitoso para Deus.
Ao sétimo dia da criação Deus descansou e fez com que o sétimo dia fosse santo, como memorial perpétuo à criação do universo inteiro e tudo quanto nele havia. Toda função, todo ser, e toda benção necessária para levar a efeito a vida e suas alegrias estavam disponíveis.

A primeira palavra da promessa: A semente

Deus colocou a arvore do conhecimento do bem e do mal no jardim do Éden para testar a obediência do homem. A arvore, representava a possibilidade de o homem rebelar-se contra o plano de Deus.
A serpente que era o mais astuto de todos os animais do campo, também estava presente. O Novo testamento identifica essa serpente como Satanás.
Kaiser propõe que Satanás se disfarçou de anjo no jardim do Éden, quando levou a mulher a comer da arvore do conhecimento do bem e do mal, caindo assim em pecado. Para a mulher era uma pessoa e não algum dos animais, porque não expressou surpresa quando lhe falou.
A serpente, consistentemente falava por conta própria no diálogo com a mulher, não era representante de outra pessoa.
Adão também desobedeceu, mas com menos motivos de pressão do que àquela que fora aplicada à mulher. Nesse ínterim, se haveria de vir alguma benção de algum lugar, seria da parte de Deus, que pronunciou uma palavra profética de juízo dirigida à serpente, por ter ludibriado a mulher, à mulher por ter escutado à serpente e ao homem por ter escutado à mulher. Ninguém escutou a Deus e como consequência a própria terra sentiria os efeitos da queda do homem.
Surgiu então a surpreendente palavra profética de libertação da parte de Deus: Ele desferiria um golpe mortal na cabeça de Satanás, enquanto este poderia, no máximo, dar uma mordida no calcanhar do descendente da mulher.
A benção do plano da promessa de Deus para a humanidade continuou de fato. A humanidade foi abençoada no campo (Gn 4: 1-2) e nos avanços culturais também (Gn 4:17-22).
Entrementes, assim como Adão e Eva foram expulsos do jardim do Éden, assim também Cain, que assassinou seu irmão Abel, foi condenado a ser fugitivo e errante pela terra (Gn 4: 12–16).

A segunda palavra da promessa: o Deus que habita nas tendas de Sem

A segunda crise do mundo foi a subversão da instituição do Estado, levando um populacho desregrado a pratica da iniquidade. (Gn 4: 23-24). Em meio à benção divina, surgiu o caminho da maldade. Os potentados daqueles dias, começaram a multiplicar esposas para si mesmos como bem entendiam.
Kaiser os identifica como “filhos de Deus”. Esses acumularam excessos e abusaram dos propósitos dos seus ofícios. Tais “gigantes” ou aristocratas tinham de ser interrompidos em suas iniquidades. Deus deu por perdida a humanidade.
Noé, porém, encontrou graça aos olhos de Deus. Instruído por Deus, construiu uma arca. Assim ele e sua família experimentaram a salvação da parte de Deus enquanto o juízo veio sobre o resto da raça humana.
Deus abençoou a Noé, sua família e a toda criatura vivente na terra, no ar e no mar. Neste ponto Deus acrescentou a sua aliança especial com a natureza. Ele manteria o plantio e a colheita, frio e calor, verão e inverno, dia e noite, sem interrupção enquanto durasse a terra (Gn 8: 22).
A palavra de julgamento e de salvação atingiu seu ponto mais alto através de Noé depois de ficar sabendo o que seu filho Cam lhe fizera enquanto estava dormindo sob efeito do vinho (Gn 9: 25-27). Kaiser coloca que, diante deste acontecido, Deus prometeu a um dos filhos de Noé, a saber Sem, uma benção especial. Ele mesmo habitaria entre os povos semíticos. Assim sendo, Sem seria aquele através de quem a “semente” prometida anteriormente haveria de vir.

A terceira palavra da promessa: uma benção para todas as nações

                A terceira crise que Kaiser destaca nesse período foi o esforço conjunto feito pela raça humana para organizar e conservar a sua unidade em derredor dalgum símbolo arquitetônico (Gn 11:4). Queriam fazer para si um nome, para que não fossem espalhados pela face da terra.
                Mais uma vez, os corações dos homens se desviaram para longe da gloria de Deus e de sua providencia. O julgamento divino contra os homens veio na forma dupla de confusão da linguagem deles e na dispersão dos povos por toda a face da terra. Ainda, assim, Deus mais uma vez interveio com uma palavra de benção dirigida a um descendente de Sem: Abraão. Ele mesmo seria abençoado e, por meio desta benção, ele haveria de ser uma benção para todas as nações da terra por intermédio da graça. A promessa, portanto era universal, e a participação nela seria apenas limitada à resposta da fé.
                A grande ruína da primeira desobediência humana, a distorção tirânica do poder político e as orgulhosas aspirações à unidade com base humanística, levaram aos juízos  da queda, do dilúvio e da dispersão da raça humana.
                Junto aos temas de pecado-julgamento, veio uma palavra nova, com respeito a uma “semente”, uma raça entre a qual Deus habitaria e a benção daquilo que futuramente Paulo chamaria de “boas novas” do evangelho oferecida a cada nação sobre a face da terra.


quarta-feira, 6 de março de 2013

CALENDÁRIO PARA RESUMO E COMENTÁRIO DOS CAPÍTULOS DO LIVRO O PLANO DA PROMESSA DE DEUS




terça-feira, 5 de março de 2013


A HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA [Parte I]

Dos Primeiros Séculos da História da Igreja até o Iluminismo

[Extraído da Apostila "Teologia Bíblica", de autoria do Pr. Almir Marcolino para a Disciplina de Teologia do NT do Seminário Batista do Cariri]

Introdução

                 Como disciplina, a Teologia bíblica foi impulsionada por três grandes movimentos: Reforma, Pietismo e Iluminismo. Vamos observar este desenvolvimento.

A - Os primeiros séculos da história da Igreja [1]

                Podemos falar da Teologia Bíblica no sentido de disciplina apenas após o último  livro da Bíblia ter sido escrito.  
Alguns intérpretes do início da Igreja não entenderam o conceito de revelação progressiva. Diante do problema de como interpretar o Antigo Testamento outros apelaram para o método alegórico, um exemplo foi a Escola de Alexandria com Clemente e Orígenes. Já outros, como Marcião, preferiram repudiar o Antigo Testamento. Orígenes Baseia-se na crença de que há um sentido espiritual por trás de cada sentido literal das Escrituras, da mesma forma que há um espírito no corpo de cada homem.  Todos os pormenores da escritura são símbolos de grandes realidades espirituais. Há um sentido literal, que está relacionado ao corpo. Um sentido moral, relacionado à alma. E um sentido espiritual, relacionado ao espírito, que é o mais importante. Esta foi uma forma de enfrentar a acusação quanto a alguns textos do AT, especialmente os que falavam da ira de Deus.

Que as Escrituras foram escritas pelo Espírito de Deus, e têm um significado, não apenas o que está aparente a primeira vista, mas também outro, o qual escapa do entendimento da maioria. Pois aquelas (palavras) que são escritas são as formas de certos mistérios e imagens das divinas coisas.  A respeito disto existe uma opinião através de toda a Igreja, que toda a lei é realmente espiritual, mas que o significado espiritual que a lei transmite não é conhecido de todos, mas apenas por aqueles que a graça do Espírito Santo capacitou em palavras de sabedoria e conhecimento.   [2]

A escola de Antioquia seguia a interpretação literal das Escrituras, mas não tenho conhecimento de como eles lidaram com a relação entre Antigo e Novo Testamento. Alguns entendem que Agostinho, com o livro Cidade de Deus, foi o que mais se aproximou da idéia de revelação progressiva.[3]
            Para fazer frente ao gnosticismo, que usava os mesmos textos da Igreja Cristã, mas lhe dava outra interpretação, a Igreja adotou o seguinte princípio:
           
“ o conteúdo dos escritos canônicos, se corretamente entendido, era idêntico ao dogma da Igreja e tido como de validade universal.” [4]           

            B - Na Idade Média


                O dogma eclesiástico regia o estudo bíblico.  As doutrinas eram fundamentadas não só na Bíblia, mas também na tradição da Igreja. A  Bíblia era usada para reforçar as doutrinas da Igreja. Tanto o Antigo como o Novo Testamento  eram considerados como parte da tradição eclesiástica, e não poderiam ser interpretados fora ou contra ela.

“Não a Bíblia somente, historicamente entendida, mas a Bíblia como interpretada pela tradição da Igreja era a fonte da teologia dogmática.[5].

                Podemos citar como exemplo a defesa que o Papa Bonifácio VIII fez da supremacia da Igreja Católica com seu poder espiritual sobre o temporal e da aceitação do pontífice romano como  doutrina necessária à salvação:

   "Bonifácio, bispo, servo dos servos de Deus. - Impelido pela nossa fé, somos obrigados a crer e sustentar que há uma Santa Igreja Católica e Apostólica. Firmemente cremos e professamos que fora dela não há salvação nem remissão de pecados, como declara o noivo do Cantares: “ Minha amada, minha imaculada não é senão uma; é a única de sua mãe; é a escolhida daquela que lhe deu o ser...” Porque, no tempo do dilúvio, só havia a arca de Noé, que prefigurava a única Igreja, e fora feita segundo a medida de um cúbito e tinha somente Noé por piloto e capitão, e fora dela toda criatura vivente que havia sobre a Terra foi, como lemos, destruída. A esta Igreja reverenciamos como a única pura, como o Senhor  disse ao profeta: “Livra minha alma da espada, minha amada do poder  do cão.” ... Ela é aquela túnica inconsútil do Senhor, que não foi dividida, mas sorteada ao lançar dos dados. ...
   Que nela se acha a possessão das duas espadas, no-lo ensinam os evangelhos, a saber, a espada espiritual e a espada temporal. Pois quando o Apóstolo disse: “Eis aqui - isto é, na igreja - duas espadas”, o Senhor não replicou aos Apóstolos: “É demasiado”, mas: “Basta” ... Conseqüentemente, estão ambas em poder da Igreja, isto é, a espada espiritual e a espada temporal - uma para ser usada pela Igreja e a outra para a Igreja; a primeira pela mão do sacerdote, e a segunda pela mão de príncipe e reis, mas com o assentimento e a instância do sacerdote. Uma espada deve necessariamente estar subordinada à outra, e o poder  temporal ao poder espiritual. ... Sendo patente a verdade, o poder espiritual tem a função de estabelecer o poder temporal e julgar do que seja ou não seja bom. E quanto à Igreja, e ao poder da Igreja, aplica-se a profecia de Jeremias: “Vê que te constituí hoje sobre as nações e sobre os reinos, para arrancares e demolires, para destruíres e derrubares, para edificares e plantares.”
   Se esse poder terreno se desvia do reto caminho, ele é julgado pelo poder espiritual, mas se um poder espiritual inferior se desvia do caminho justo, o inferior é julgado pelo superior; entretanto, se a suprema autoridade (o papado), se desviar, ele não pode ser  julgado por homem algum, mas somente por Deus. E assim testifica o apóstolo: “O que é espiritual julga todas as coisas, mas ele próprio não é julgado por nenhum homem.” [6]

            C - A Reforma 


                Houve uma reação ao ponto de vista anterior. “Dogmática deveria ser a formulação dos ensinos bíblicos.” O princípio  Sola Scriptura, que era um protesto contra a teologia escolástica e a tradição eclesiástica,  prepara o terreno para a TB.
                Como resultado desta reação tivemos: estudo das línguas originais, consciência da importância da história na teologia bíblica, interpretação literal. Tudo isto deu origem a uma verdadeira teologia bíblica.
                No entanto esta época tinha uma insuficiência na interpretação da Bíblia: o Antigo Testamento não era interpretado no seu contexto histórico, mas no contexto do Novo Testamento. Lutero elaborou uma nova hermenêutica: contraste entre letra e espírito; distinção entre lei e evangelho; princípio cristológico ( verdadeira escritura é a que manifesta Cristo ); analogia da fé. Com isto ele criou um cânon dentro do cânon.[7]
                Os precursores do termo Teologia Bíblica pertenciam à reforma radical, os anabatistas. O termo só vai aparecer pela primeira vez cem anos após a Reforma na obra Deutsche Biblische Theologie (1629) de Wolfgang Jacob Christmann. A obra Theologia Biblica (1643) de Henricus A . Diest – “é o primeiro documento a propiciar vislumbres da natureza de uma disciplina, que então nascia.[8]
                Várias outras obras são publicadas. A princípio a Teologia Bíblica constituía-se de textos-prova para manter a teologia, chamada também teologia exegética, era subsidiária da dogmática.

    “Compreendia-se que a teologia bíblica consistia de ‘textos de prova’ das Escrituras, extraídos indiscriminadamente dos dois Testamentos, de modo a apoiar os tradicionais sistemas de doutrinas da ortodoxia protestante primitiva.”[9]

                A expressão Teologia Bíblica  no sentido de “designar a teologia que a Bíblia em si contém”[10] é uma disciplina que tem pouco mais de 200 anos, e que na virada dos secs. XVIII e XIX se dividiu em duas (Antigo Testamento, Novo Testamento ).

            D. O Iluministo


                A Bíblia voltou a ser usada como texto-prova de doutrinas, a revelação progressiva não foi considerada [11]A Bíblia, no seu todo, foi estudada como possuindo um nível único de valor teológico.”[12]          O Pietismo  faz uma oposição entre o escolaticismo protestante e a teologia bíblica. A Teologia Bíblica  se separa da dogmática, e passa a ser considerada como fundamento desta.


                “A teologia bíblica como uma disciplina distinta é um produto do impacto do Iluminismo sobre os estudos bíblicos.” [13] Nesta época houve uma busca da completa objetividade, uma descrença no sobrenatural (surgimento do racionalismo); surge o método histórico crítico, que é uma nova hermenêutica, vê a Bíblia como qualquer outro livro antigo, a doutrina da Inspiração é abandonada. A Bíblia contava a história de uma religião semítica, e era o que certos homens pensaram sobre religião, e não uma revelação divina.

“ A razão humana tornou-se o padrão definitivo  e a fonte principal de conhecimento, isto é, a autoridade da Bíblia como registro infalível da revelação divina foi rejeitada.”[14]

                A TB se torna rival da dogmática. Palavra de Deus e Escritura Sagrada não são idênticas, nem todas as partes da Bíblia foram inspiradas e portanto ela deve ser investigada com uma metodologia histórica-crítica.
                O método histórico-crítico se desenvolveu. Com a revolução científica de Copérnico, Galileu e Kepler,  as ciências não eram mais interpretadas pela Bíblia. Esta separação transferiu-se para outras disciplinas. Todas  ficaram separadas da teologia, e esta passou a ser explicadas por aquelas ( história, filosofia, ciências), houve uma inversão, e onde houvesse uma contradição as outras disciplinas deveriam ser aceitas no lugar da Bíblia .




[1] Algumas notas de rodapé reportando-se ao livro de LADD são da versão mais antiga, da JUERP, outras da versão nova da Editora Êxodus.
[2] The Ante-Nicene Fathers,vol IV, pg. 457-459, De princípio, prefácio.
[3] Ferreira, Wilson C. ESBOÇO DE TEOLOGIA BÍBLICA DO NOVO E VELHO TESTAMENTOS, Campinas:Luz Para o Caminho, 1985. Pg. 26.
[4] HASEL, Gerhard F., Teologia do Novo Testamento, Questões Fundamentais no Debate Atual,  ( Trad. Jussara Marindir Pinto Simões Arias ), RJ, JUERP, 1988. Pg. 13
[5] LADD, George Eldon, A THEOLOGY OF THE NEW TESTAMENT, Grand Rapids, Eerdmans, Edição Revisada, pg. 1
[6] SCHAFF, David S. NOSSA CRENÇA E A DE NOSSOS PAIS, Confronto entre o Protestantismo e o Romanismo ( Trad. Nicodemos Nunes) SP, Imprensa Metodista, 1964. Pg. 613s
[7] Ver Institutas II. vi, 4.
[8] Hasel, Gerhard F. TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO- Questões fundamentais no debate atual (Trad. Cesar Bueno Vieira) RJ:Juerp1987. Pg. 14
[9] Hasel, Gerhard F. TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO, pg 14.
[10] HASEL, HASEL, Gerhard F., Teologia do Novo Testamento. pg. 15
[11] A revelação é progressiva - mistério no Novo Testamento (Ef e Cl); sombras, Hebreus, etc.
[12] LADD, op. cit. Pg. 14
[13] LADD, op.cit. pg. 14
[14] Hasel, Gerhard F. TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO, pg.15

sexta-feira, 1 de março de 2013

DEFININDO A TEOLOGIA BÍBLICA


[Extraído e adaptado da apostila "Teologia Bíblica", de autoria do Pr. Almir Marcolino para a Disciplina de Teologia do NT do Seminário Batista do Cariri]


Discussão: Por que o cristão deveria preocupar-se com estudos bíblicos e teológicos?

1.      É uma necessidade de todos

O professor e teólogo Solano Portela em Seu artigo por Título “O Estudo da teologia e as Escrituras” diz: “Estudar teologia não é uma área segregada à academia teológica; não pertence à esfera de intelectuais maçantes que se preocupam em descobrir e firmar termos técnicos incompreensíveis aos demais mortais; não é monopólio daqueles que escrevem livros meramente para adquirir a respeitabilidade e admiração de seus colegas docentes; nem pertence a mosteiros anacrônicos, que procuram se aproximar de Deus distanciando-se do mundo que Ele criou. Mas é tarefa de todas as pessoas”. (Fonte:monergismo-mores.blogspot.com.br)

O estudo da teologia é uma tarefa para todo cristão. Erramos quando não nos esforçamos na leitura e reflexão das escrituras. Todos nós somos teólogos [filósofos]

2.      O perigo do espírito anti-intelectualista no meio cristão e suas consequências

“O estudo da teologia não deveria ser visto como uma ameaça à experiência da fé. Antes, deveriam ser encarados como que provendo o fundamento necessário à vida cristã prática e devocional”

3.      O perigo da teologia árida [academicista], fria e irrelevante.

A [boa] teologia possibilita a construção de uma cosmovisão cristão suficiente para interpretar qualquer fato que encontramos.

4.      A teologia nos possibilita relacionarmos com Deus e com a vida corretamente. Nossas afeições estão ligadas a teologia, nosso amor está ligado a sua palavra. Nossa devoção está ligada a teologia.

“A essência da idolatria está nas ideias indignas que temos a respeito de Deus.” [A.W.Tozer]

5.      Porque o que você acredita (sua doutrina) determinará como você vive (sua prática). Isto pode ser visto em sua vida cotidiana. Similarmente, suas crenças sobre Deus e sua Palavra determinam como você vive dia a dia.

A.    Definindo Teologia e Teologias

1.      Teologia é o estudo ou a ciência de Deus. Como o Deus cristão é um ser ativo, um ser que age, então o estudo deste Deus também envolve Suas obras, Sua atividade em se relacionar com o homem. Sendo assim poderemos definir a Teologia como: o estudo da pessoa e obra de Deus em seus relacionamentos com o homem.

- CR – Estudo da revelação à luz da razão + a tradição como fonte de fé, submetido ao magistério da igreja.
- Bultman – A apresentação conceitual da existência humana como uma existência determinada por Deus.

2.      Teologia Sistemática [Dogmática]

a.       TS Clássica - É a tentativa de sistematiza os dados bíblicos. Organizando-os em uma estrutura sistemática. [TS Clássica – ex. Charles Hodge, Berfkof, Strong, Chafer, Thiessen]

Quais os tópicos da TS?


b.      Construtiva é a disciplina que procura dar um relato coerente às doutrinas da fé cristã, baseando-se principalmente nas Escrituras, situando-as no contexto da cultura em geral, expressando-as num idioma contemporâneo, e relacionando-as às questões da vida.” [Erickson] [TS Construtiva – ex. Erickson, Grudem, Paul Tillich]

3.      Teologia Histórica [História de Dogma] – Estuda as doutrinas através da história da igreja.

Conhecida como história da teologia ou história da doutrina, tem estreita conexão com duas áreas muito importantes: a história da igreja e a teologia cristã.

É aquilo que os cristãos tem pensado e crido através dos vários períodos da história.

4.      Teologia Prática diz respeito as disciplinas que indicam como os cristãos praticam e proclamam a fé [ Evangelismo e Missões, Educação Cristã, Aconselhamento / Piedade / Governo Eclesiástico / Liturgia / Pregação...]

B.     Os Sentidos da Expressão “Teologia Bíblica”

1.      Como adjetivo a teologia ou crença de alguém. [Ex. A teologia do fulano não é uma TB]. Referindo-se que as doutrinas de alguém serem ou não serem fundamentadas na Bíblia. Neste sentido toda teologia para ser verdadeira tem que ser Teologia Bíblica

2.      Mas em séculos recentes a expressão ganhou a conotação de uma disciplina distinta dentro dos estudos teológicos e bíblicos. Neste sentido é que usaremos no curso.

C.    A Definição de Teologia Bíblica

É aquela teologia que se descreve e se contém na Bíblia e conscientemente vinculada de era em era enquanto todo o contexto antecedente e mais antigo se torna a base para a teologia que se seguia em cada era “.[1][Kaiser]

Teologia Bíblica é a disciplina que estrutura a mensagem dos livros da Bíblia em seu ambiente histórico. É uma disciplina primariamente descritiva. Ela não está inicialmente preocupada com o significado último dos ensinos da Bíblia ou com sua relevância para os dias atuais. Esta é a tarefa da Teologia Sistemática. A tarefa da Teologia Bíblica é expor a teologia encontrada na Bíblia em seu próprio contexto histórico, em seus próprios termos, categorias e formas de pensamento.[2] [Ladd]“Teologia Bíblica é a disciplina que estrutura a mensagem dos livros da Bíblia em seu ambiente histórico. É uma disciplina primariamente descritiva. Ela não está inicialmente preocupada com o significado último dos ensinos da Bíblia ou com sua relevância para os dias atuais. Esta é a tarefa da Teologia Sistemática. A tarefa da teologia bíblica é expor a teologia encontrada na Bíblia em seu próprio contexto histórico, em seus próprios termos, categorias e formas de pensamento.” (20)


“A Teologia bíblica é a tentativa de estudar a contribuição individual de um dado escritor ou de um determinado período ao cânon da mensagem. Ela combina análise e síntese.”[3] [Zuck]

D.    Definindo-a como disciplina

            É a busca por se entender o significado da revelação bíblica dentro do seu contexto histórico. Procura estudar as doutrinas na forma como aparecem nos escritos do Antigo Testamento e Novo Testamento. Procurando “traçar de forma cuidadosa o desenvolvimento da doutrina no período da produção bíblica.”[4]

"A Teologia Bíblica define-se basicamente a partir de sua distinção em relação à Teologia Sistemática e à História das Religiões. A proposta fundamental da Teologia Bíblica é construir uma teologia a partir das Escrituras, de modo indutivo, sem depender das categorias definidas pelas Sistemática ou Dogmática "[5]

 Ela é normalmente tratada  pelos Testamentos. Tem a do Antigo Testamento e a do Novo Testamento. 

[1] Do Antigo Testamento: “...é a  disciplina da teologia exegética que procura os rudimentos do plano de Deus nas mais primitivas revelações de Deus ao homem e então coleta e organiza as adições subsequentes e responde estritamente de acordo com o processo histórico da auto-revelação de Deus no Antigo Testamento.”[6]   
 [2] Do Novo Testamento.  É a disciplina que procura estudar o que os crentes do Novo Testamento criam qual a essência de sua crença e prática.

E.      Os pressupostos da Teologia Bíblica

1.      Unidade da Bíblia. Apesar de  ser uma coleção de livros, com vários tipos de literatura, escrita por autores diferentes, em situações bem diversas, num período de mais ou menos 1500 anos, a Bíblia apresenta uma unidade singular. Sendo este fato um dos argumentos que indicam sua sobrenaturalidade. (por exemplo, Lucas 24:25-27, 44-47)

2.      A crença de que a revelação de Deus foi dada em circunstâncias históricas definidas, e através de atos históricos. Deus agiu na história para revelar-se aos homens.

            3. Crença que estes atos revelatórios de Deus têm significado ético e prático, i.e. conteúdo teológico. A palavra interpretativa acompanhou o evento, ou antes ou depois do mesmo. Ela estuda não apenas os acontecimentos e mensagens da Bíblia, mas também o seu significado.

            4. Crença que a  revelação foi cumulativa. Deus não revelou todo seu plano no início. Mas, como um rio, que ao iniciar-se é apenas um riacho e vai crescendo “ aos poucos tornado-se em um caudal enorme até desaguar nos umbrais da eternidade.”[7] Deus falou o seu propósito por etapas,  Cl. 2.17; Hb. 1.1s; 10.1; 11.13,39s; 1 Pd. 1. 10ss. Por isso a teologia bíblica

traça passo a passo, ao longo da Bíblia, a história da salvação, permitindo que a história assuma qualquer forma apropriada a cada estágio da revelação, reconhecendo como a doutrina se desenvolve à medida que a revelação progride.”[8]

Este acréscimo foi feito seguindo certos critérios de conteúdo que cooperavam com a revelação já dada.
Escritura se move da criação e da queda (Gênesis 1-3) com a perspectiva de uma nova criação (Apocalipse 21-22), onde o pecado e suas consequências são totalmente removidos.

5.      Crença na inspiração divina da Bíblia. Deus não apenas revelou-se através de atos e palavras no passado, mas foi da Sua vontade que aquela revelação fosse mantida intacta, por isto garantiu o seu registro através da inspiração. De modo que temos na Bíblia hoje a autêntica Revelação de Deus.

Toda a Escritura é inspirada por Deus, embora os autores humanos são identificados e sua individualidade é reconhecida (por exemplo, 2 Tm 3:16;. Hebreus 3:7-11;. 4:7;. 2 Pedro 1:20-1)


F.     O que a Teologia Bíblica leva em consideração
                       
            1. O texto
            2. O contexto histórico
            3. A  mensagem geral da Bíblia.

G.     Como ela é distinguida das outras disciplinas

            1. A Teologia Histórica (História de Dogma) trata de como os ensinos da Teologia Bíblica foram entendidos através da história da Igreja. Considerar a Teologia Bíblica como Teologia Histórica, é desconsiderar a doutrina da inspiração. Pois, apesar do estudo do pensamento dos diversos mestres da História da Igreja ser importante, não consideramos estes pensamentos como Palavra de Deus. Eles estão num nível inferior.

            2. A Teologia Sistemática já existia antes da Teologia Bíblica.  Seu papel é sistematizar e aplicar todo o ensino descoberto pela Teologia Bíblica, colocar dentro de uma estrutura compreensível ao homem em seu tempo. Nesta sistematização e aplicação ela se vale de recursos de outras disciplinas: filosofia, revelação natural, etc. A Teologia Bíblica lhe serve de fonte.

Como podemos observar, a Teologia Bíblica parte unicamente das Escrituras e procura prescindir da filosofia e da teologia sistemática, organizando os dados bíblicos a partir da lógica interna do pensamento bíblico. É essencialmente descritiva, mas pode também tornar-se normativa quando pergunta qual o valor do texto bíblico para o intérprete de hoje. Um exemplo prático da diferença de abordagem entre as duas pode ser percebido no campo da escatologia. Enquanto a teologia bíblica discute as tensões bíblicas entre o “já” e o “ainda não” do Reino de Deus (escatologia realizada e escatologia futura), a teologia sistemática evangélica volta-se para divisões como pré-milenismo, pós-milenismo, amilenismo, pré-tribulacionismo, etc.[Luís Sayão]

            3. Introdução ao Antigo Testamento e ao Novo Testamento. Estas disciplinas devem preceder a Teologia Bíblica, pois esta depende daquelas. Já que a TEOLOGIA BÍBLICA estuda os livros da Bíblia em seu ambiente histórico, ela deve ter os dados para conhecer este ambiente.

            4. História de Israel. Alguns estudiosos acreditam que a TEOLOGIA BÍBLICA nada mais é do que a História de Israel. Os que agem assim desprezam a ação sobrenatural de Deus e a doutrina da inspiração. O estudo da história de Israel é importante, pode até ajudar a TEOLOGIA BÍBLICA, mas a TEOLOGIA BÍBLICA estuda a revelação de Deus em e através daquela história.

            5. Exegese. Esta serve de fonte e ferramenta para a TEOLOGIA BÍBLICA. Para descobrir o significado do texto bíblico a TEOLOGIA BÍBLICA deve fazer boa exegese.

            6. Teologia Prática. Esta aplica os ensinos nas diversas áreas da nossa vida, tanto como indivíduos, como quanto comunidade.

ABORDAGEM
Fonte dos Dados
Metodologia
Hermenêutica

Teologia Bíblica

Cânon das Escrituras
Exegética e Teológica
Organização: Conceitual, Tópica e Histórica.
Descritiva
e Normativa

Teologia Sistemática

Escrituras Sagradas, Tradição Histórica, Razão (filosofia) e Experiência Humana.
Teológica
e Filosófica.
Organização sistemática e lógica.
Normativa
e Construtiva

História da Religião

Escrituras, documentos de outras religiões, literatura e arqueologia.
Fenomenológica
e Histórica:
Organização: Cronológica e Genética.
Descritiva
Quadro comparativo construído por Luiz Sayão extraído: http://www.prazerdapalavra.com.br/colunistas/luiz-sayao/3874-a-importancia-da-teologia-biblica-luiz-sayao.html 

H.     Os passos que formam a Teologia Bíblica

1.      Investigação do texto - Exegese filológica e histórica, buscando o sentido exato das palavras e das ideias no seu próprio contexto. As perguntas que devem ser feitas:

                        a. Qual o melhor texto ?
                        b. Qual o significado das palavras ?
                        Depois fazer sua tradução do texto.

            2. Estudo hermenêutico - Estuda a estrutura e contexto do livro. Procura ver os temas, propósitos e razões do autor, etc. À luz disto, interpretar a passagem.

            3. Estudo histórico - Analisa o significado da revelação dentro do contexto histórico e da época. Pergunta: O que isto significava naquela época?
           
3.      Organização do ensino - O alvo é determinar como o crente dos tempos bíblicos pensava, cria e adorava.

I.        A Necessidade da TEOLOGIA BÍBLICA

   A Bíblia é a nossa regra de fé e prática, portanto precisamos aplicá-la corretamente em nossas vidas. Para fazer isto precisamos considerar que a revelação na forma como aparece na Bíblia não é supra-histórica nem supra-cultural. Ela foi dada em formas culturais e históricas, sendo assim ela não pode ser aplicada diretamente, sem uma adequação ao nosso contexto.

    Esta tarefa é difícil e perigosa. Para que ela seja bem feita é necessário entendermos bem o significado do ensino na época em que ele foi dado. Só assim poderemos aplicá-lo corretamente.
  
Outra razão para se estudar a Teologia Bíblica é a de evitar o erro da fragmentação. Nosso alvo deve ser o de ensinar tudo o que Jesus ensinou (Mt. 28.18-20), todo o desígnio de Deus (At. 20.20,27)

J.       Valores da TEOLOGIA BÍBLICA

            1. O valor para a exegese. Kaiser argumenta que a TEOLOGIA BÍBLICA tem um valor para o exegeta na área hermenêutica. Sem a TEOLOGIA BÍBLICA o exegeta não poderia dizer o agora  ( o que significa para nós hoje) do que havia descoberto do então, (O que significou para os primeiros leitores). Depois de fazer a análise do texto (palavras, termos, etc.)

“o texto pede para ser entendido e colocado num contexto de eventos e significados. Estudos históricos colocarão o exegeta em contato com o fluxo de eventos no tempo e no espaço, e as análises gramaticais e sintáticas identificarão a coleção de idéias na seção imediata do período sob investigação. Em cada exegese bem sucedida, deve haver alguns meios de identificar o centro ou cerne do cânon.[9].

            O estudioso faz a  exegese gramatical-histórico-sintático-cultural. Depois  ele dá o passo teológico. Emprega a Analogia das Escrituras Precedentes , isto é,

“coleciona apenas aqueles contextos antecedentes que existiam na mente do escritor das Escrituras enquanto escrevia a nova passagem, conforme se indica pela mesma terminologia, fórmulas ou eventos aos quais este contexto acrescenta outros em série.”[10]

            O teólogo bíblico deve:

“prover o exegeta com um conjunto de termos técnicos e teológicos que se acumulam, identificações de momentos chaves interpretativos na história do plano divino para o homem, e uma apreciação pela gama de conceitos agrupados em derredor de um núcleo unificador  - todos estes de acordo com sua progressão histórica no tempo.”[11]           

Um teólogo do Novo Testamento que concorda com Kaiser, é Leonard  Goppelt,  veja como ele se expressa sobre este ponto.

"A teologia do Novo Testamento é o cume do monte ao qual conduzem os difíceis caminhos da exegese neotestamentária e do qual, olhando-se para trás, a vista os pode abranger. Essa comparação evidencia que entre a exegese e a teologia do Novo Testamento existe uma reciprocidade. A teologia neotestamentária não somente coleta os dados da exegese, mas desenvolve um panorama, ou melhor, uma visão global que, por seu turno, enriquece a exegese e, no fundo, a torna possível. O estudo do Novo Testamento ocorre, tanto  teológica como historicamente, sempre a partir do detalhe em direção ao todo e do todo em direção ao detalhe."[12]

            2. O valor para a Teologia Sistemática. Impede que esta venha usar a Bíblia apenas como texto-prova sem considerar o caráter progressivo da revelação.

            3. O valor para missões. David  Hesselgrave[13], tem mostrado o valor da TEOLOGIA BÍBLICA para missões, especialmente ao se evangelizar em outras cosmovisões.
            O missionário está envolvido em três cosmovisões: a dele, a do povo onde trabalha, e a Bíblica. Sua tendência é de impor sua cosmovisão ao povo ao qual está evangelizando, ou de contextualizar o evangelho na cosmovisão do povo que está sendo evangelizado. Isto tanto pode dificultar a aceitação do evangelho, como pode prejudicar o conteúdo do evangelho. A função do missionário é a de comunicar uma terceira cosmovisão: a bíblica.
            A  melhor maneira de fazer isto é apresentando a forma literária e a seqüência progressiva da revelação histórica apresentada nas Escrituras. Outros métodos de ensino só devem ser apresentados quando a pessoa já tem visão do quadro completo.  Com base naquilo que Espírito Santo ensinou e destacou no NT, pode-se saber o que deve ser destacado no Antigo. Temos que admitir  que a Teologia Sistemática  apresenta o evangelho de uma certa cosmovisão, já a Teologia Bíblica nos ajudaria neste ponto.           
            A razão desta tese é que a TEOLOGIA BÍBLICA é  a teologia que preserva a estrutura histórica da Bïblia. Ela apresenta o quadro completo ao invés de se concentrar nas pequenas histórias. Ao se contar a história completa da redenção, coloca-se  Jesus dentro do quadro total, isto tanto facilita o entendimento como, diminui os riscos de se comunicar o evangelho de forma distorcida.
            O Pressuposto por trás deste pensamento é que: Deus não apenas inspirou as palavras e as verdades da Bíblia, mas também supervisionou todo o processo de revelação escrita, de forma que pudéssemos receber um modelo para discipular as nações – modelo que nos leve a uma compreensão daquilo que pode ser chamado cosmovisão cristã. Jesus começou sua exposição com Moisés (Lc 24.27).

4.      Para pregação. Quando  se entende o quadro geral da revelação de Deus nas Escrituras a facilidade de se acertar e explicar o ensino de um determinado texto é maior.

K.    A Tarefa da Teologia Bíblica[14] 

       Conforme já foi sugerido, a tarefa da teologia bíblica é construir uma teologia a partir do texto bíblico, edificando uma espécie de “macro-exegese”, procurando metodologicamente isentar-se de leituras confessionais e filosóficas a priori. Todavia, uma teologia bíblica séria deverá enfrentar algumas questões importantes das quais não poderá omitir-se:

1. Teologia descritiva ou normativa. Qual é o papel de uma teologia bíblica? Procurar detectar os conceitos teológicos dos autores bíblicos, ou deve ela também definir normas ético-religiosas a partir da experiência histórica e teológica da comunidade da fé. Será que um aspecto exclui o outro? É possível manter a tensão entre as duas ênfases?

2. A Relação entre os testamentos. Pode existir uma teologia do AT, independente do Novo Testamento? Será que a teologia do AT é uma disciplina exclusivamente cristã? Existirá uma teologia do AT judaica? Que tipo de relação existe entre os dois testamentos? Continuidade ou Descontinuidade? Como trabalhar a unidade da mensagem bíblica, sem desvalorizar o AT e sem uma “cristianização” exagerada do mesmo? Todas essas perguntas são inescapáveis e merecem atenção do teólogo bíblico.

3. Abordagem diacrônica ou sincrônica. Muitas teologias bíblicas e sistemáticas parecem considerar o texto bíblico homogêneo e uniforme. Será que é possível fazer teologia bíblica sem considerar a história e algum tipo de desenvolvimento teológico nas Escrituras. É verdade que o histori-cismo do século XIX e sua postura evolutiva trouxe uma espécie de trauma para muitos estudiosos da Bíblia. No entanto, ainda que seja árdua lidar com o papel da história na teologia, cremos ser impossível fazer uma boa teologia, sem considerá-la adequadamente, conforme bem observou Oscar Cullmann.

4. Relação com a autoridade da Bíblia. Por mais isenta que seja uma teologia bíblica, ela não poderá deixar de trabalhar com pressupostos. Um dos mais relevantes é exatamente o ponto de partida para com a própria Bíblia. Devemos praticar uma hermenêutica de suspeita para com o texto? Ou devemos interpretar o texto sagrado de maneira afirmativa, numa relação de empatia para com o mesmo. Quando um outro referencial externo explícito comanda a hermenêutica das Escrituras dificilmente poderá construir-se uma teologia bíblica que faça justiça ao texto.

5. Unidade e diversidade. Será que possível achar um centro de organização para uma teologia da Bíblia, ou do AT e do NT. Será que o conceito de aliança, de promessa ou de ação divina na história são adequados para organizar o material bíblico. Seria tal abordagem forçada, pelo fato de existirem vários centros de organização do texto? Essa é uma questão difícil que não pode ser esquecida. Além disso, a diversidade presente nas Escrituras levanta outra questão: Existe uma teologia bíblica (ou do AT/NT) ou existem várias teologias? É bem conhecido o fato de que os teólogos liberais levaram a diversidade teológica bíblica às últimas conseqüências. Por outro lado, fundamentalistas têm tentado ver unidade a partir de lentes mais sistemáticas e filosóficas do que bíblicas. Como deve ser trabalhada essa relação? Aí está um grande dilema ainda aberto para a discussão dos estudiosos.

6. Teologia canônica ou não canônica. Por mais simples que possa parecer essa questão, ela merece muita atenção. Já que temos acesso a material religioso da fé de Israel e da igreja primitiva, devemos perguntar se uma teologia bíblica deve fazer referência a esse material. Por outro lado, já que se trata de uma teologia construída dentro da comunidade da fé, a igreja, deve-se perguntar se os parâmetros da dogmática cristã e esse fator devem restringir a teologia a uma abordagem canônica.

7. Relação com a sistemática. Uma vez construída uma teologia bíblica chegará ela a algum lugar sem uma relação com a sistemática? É possível construir uma teologia bíblica sem cair na fragmentação muitas vezes acéfala? Que tipo de relação deve se manter entre as duas abordagens? Doutrinas cardeais e essencias da fé como a Trindade teriam relevância significativa numa teologia bíblica? Com certeza o diálogo é fundamental e necessário, para que as duas abordagens se completem.



[1] Kaiser, Walter C. TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO ( Trad. Dordon Chown) SP: Vida Nova, 1980. Pg. 10
[2] Ladd, George E. A THEOLOGY OF THE NEW TESTAMENT. Grand Rapids: Eerdmans. Pg 25.
[3] Bock, Darrell, em Zuck, Roy Teologia do Novo Testamento. RJ:CPAD, 2008. Pg. 14
[4] Bock, em Zuck, pg 11
[5] Sayão, Luis, no prefácio do livro TEOLOGIA BÍBLICA OU SISTEMÁTICA - Unidade e Diversidade no NT, de Donald  A. Carson, pg. 7
[6] Kaiser, Walter C.  THE THEOLOGY OF THE OLD TESTAMENT  In THE EXPOSITOR’S BIBLE COMMENTARY , Ed. Frank E. Gaebelein; Grand Rapids:ZOndervan, 1979. Pg. 286
[7] Ferreira, Wilson C. ESBOÇO DE TEOLOGIA BÍBLICA DO NOVO E VELHO TESTAMENTOS. Campinas, SP:Luz Para o Caminho, 1985. Pg. 14.
[8] Merrill, Eugene H. citado em Zuck, pg. 11
[9] Kaiser, Teologia do Antigo Testamento. Pg.19
[10] Kaiser, op.cit. pg. 20
[11] Kaiser. Op.cit. pg. 20
[12] Goppelt, Leonhard TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO , Vol. I – Jesus e a Comunidade Primitiva  ( Trad. Martin Dreher ) , 2a Edição, 1983, São Leopoldo: Sinodal; Petrópolis:Vozes. Pg. 15.
[13] Hesselgrave , David J. A COMUNICAÇÃO TRANSCULTURAL DO EVANGELHO- Vol 2 – Comunicação, Cosmovisões e Comportamento. ( Trad. Robinson Malkomes) SP: Vida Nova, 1995. Pg. 229
[14] [http://www.prazerdapalavra.com.br/colunistas/luiz-sayao/3874-a-importancia-da-teologia-biblica-luiz-sayao.html]