Resumido por Glairton Santiago
Os
evangelhos de Mateus e Marcos (63-65 d.C.)
Neste
capítulo, o autor inicia sua explanação comentando o fato de os três primeiros
evangelhos serem considerados Evangelhos Sinóticos (do grego synopsis que significa “ver em
conjunto”); são considerados parecidos em sua estrutura, conteúdo e tom, em
contraste com o evangelho de João, entretanto, cada um deles seguindo um plano
e propósitos próprios de abordagem.
O evangelho de
Marcos: Jesus, um resgate para muitos
A
autoria do livro que leva o nome de Marcos assim foi atribuída a partir de
testemunhos antiquíssimos como o de Papias (bispo de hierápolis) em cerca de
125 d.C. e de Justino Mártir, por volta de 150 d.C. Ambos ensinaram que Marcos
anotou as lembranças que Pedro tinha dos eventos que testemunhara como
discípulo de Jesus. Segundo o autor, Marcos conheceu Barnabé e Pedro na igreja
de Antioquia, em 46 d.C.
A vida de Cristo
como resgate
O
propósito deste evangelho era apresentar a Cristo como tendo sido entregue por Deus, de algum modo, em “resgate
de muitos” (Mc 10:45). Kaiser argumenta que Marcos, ao colocar essa declaração
no coração do seu evangelho, o divide em duas partes: na primeira, o autor
enfatiza o caráter de servo de jesus; na segunda, vê-se como cristo se
movimenta incansavelmente até culminar com os eventos da Semana da Paixão.
Neste
caminho, o autor continua dizendo que Marcos se atém ao ministério de Jesus e
ao seu impacto sobre as pessoas.
Kaiser
destaca que a palavra “resgate” estava associada, naquela época, ao preço pago
pelos escravos libertos ou pelos que haviam sido reféns, faz a partir daí, uma
analogia ao fato de Cristo ter dado sua vida em troca da libertação de outros;
destaca, ainda, que este era o argumento de Marcos.
O reino de Deus
Nesta
sessão do capítulo, Kaiser destaca o anúncio da chegada do reino de Deus, no
começo do evangelho de Marcos. Continua dizendo que o evangelista apresenta
esse reino em oposição direta a Satanás e seus emissários e destaca que é isso que
torna surpreendente a humilhação de Cristo.
Quando
do tempo da chegada desse reino, Marcos coloca que em primeiro lugar deverão
sobrevir dias de tribulação como nunca houve desde que Deus criou o mundo para
que em seguida o enigma entre a humilhação de Cristo e sua autoridade dominante
fiquem claros.
O Evangelho de
Mateus: o reino de Deus
Neste
ponto, Kaiser explica que a autoria deste evangelho é atribuída a Levi filho de
Alfeu (que tem como segundo nome Mateus) por conta de uma declaração de Papias
(cerca de 125 d.C.), segunda a qual Mateus era o autor deste evangelho.
Baseado
no posicionamento de vários estudiosos, o autor
apresenta a estrutura do Evangelho de Mateus em cinco blocos de
ensinamentos:
I.
A
ética do reino
II.
A
autoridade do reino
III.
O
programa do reino
IV.
A
reação do rei à oposição
V.
O
futuro do reino
O Messias de
Davi
Aqui,
Kaiser destaca que Jesus aparece de imediato em Mateus como descendente legal
de Davi e de Abraão e que, portanto, Jesus era o “filho” de Davi e o Filho de
Deus.
O
autor assevera que muitos dos eventos da vida de Jesus, haviam sido previstos
no desenrolar do plano da promessa de Deus no Antigo Testamento, conforme o
quadro a seguir:
Local
de nascimento de Jesus – Mq 5:2 à
Mt 2:6
Jesus
nasceria de uma virgem – Is 7:14 à
Mt 1:18
Fuga
para o Egito – Os 11:1 à Mt 2:13
Massacre
dos inocentes – Jr 31:15 à Mt 2:17
Residência
em Nazaré – Is 11:1 à Mt 2:23
Anunciado
por João – Is 40:3 à Mt 3:3
Ministério
na Galiléia – Is 9:1-2 à Mt 4:14-16
Cura
dos enfermos – Is 42:1-4 à Mt 12:17-21
Entrada
em Jerusalem – Zc 9:9 à Mt 21:5
Traição
de Jesus – Sl 41:9 à Mt 26:24
O reino de Deus
Kaiser
ressalta que Mateus usou mais a expressão “reino do céu” do que “reino de Deus”
em seu evangelho e atribui a esta realidade, o fato de que Mateus escreveu para
um público judeu e enxerga aí uma sensibilidade da parte dele ao evitar o nome
de Deus, para que ninguém usasse seu nome inadvertidamente.
Diante
do problema que poderia ser suscitado por conta da questão acerca de que
“reino” era esse anunciado sendo diferente daquilo que tinham experimentado até
então, Kaiser explica que, em primeiro lugar, o reino de Deus era expressão
usada de modo que descrevia todas as benção de Deus que as pessoas
experimentavam em sua salvação e em segundo lugar, o próprio conhecer a verdade
do evangelho era como “conhecer os mistérios do reino dos céu” (Mt 13:11). Em
outras palavras, o que começara como governo e reino espiritual no coração dos
crentes, um dia se estenderia por todos os confins do universo sem quaisquer bolsões
de resistência ou oposição econômica ou política.
Ao
se referir aos sinais do reino de Deus, o autor afirma, que estes, nada mais
são do que símbolos de como será finalmente o reino de Deus em toda a sua
plenitude em um futuro do qual somente Deus sabe a hora e o momento exatos.
A lei e o reino
Kaiser
ressalta que somente o evangelho de Mateus discute a lei; segue destacando o
posicionamento de Jesus quando Ele declara que nem ele nem sua missão aboliam a
lei, mas, pelo contrário, Seu propósito era cumpri-la.
Ao
fazer referência as antíteses de Mateus (“ouvistes que foi dito... Eu porém vos
digo”), Kaiser explica que Jesus estava corrigindo as tradições orais que se
acumularam em torno da lei.
Israel, a igreja
e o reino
Neste
tópico o autor afirma que “a parte mais difícil do livro de Mateus diz respeito
à circunscrição da missão de Jesus e dos discípulos ao povo judeu. Segue
mostrando que ao mesmo tempo em que Jesus enviava seus discípulos ás “ovelhas
perdidas da casa de Israel”, ele também afirmava a missão aos gentios de “todas
as nações”, ou seja, embora a missão aos judeus tenha precedência, a missão aos
gentios não é negligenciada.
Neste
cenário, Kaiser afirma que Deus de modo algum deixou de tratar com Israel e usa
a carta de Paulo aos Romanos em que o apostolo diz que a promessa feita por
Deus a Israel há muito tempo continuava “irrevogável” (Rm 11:29).
A promessa e a
igreja
Kaiser
ressalta que o único evangelho que menciona a palavra “igreja” é o evangelho de
Mateus. Diz que este é o primeiro a mostrar que a igreja seria o instrumento
permanente de Deus para segui-lo e para promover a reconciliação de toda e
qualquer infração de conduta, problemas étnicos, etc.
Finaliza
concluindo que em Marcos, é apresentado o modelo da história básica de Jesus,
destacando que Ele veio para dar sua vida em resgate de muitos; e o evangelho
de Mateus é o evangelho do cumprimento; é o evangelho do reino de Deus e da
providencia eclesiástica; e é, também, o que integrou lei e evangelho
preparando o mundo para a introdução da igreja de Cristo.
Excelente o resumo do irmão. Muito claro, ainda que breve. Destaco a percepção de Kaiser, que salve me engano é dispensacionalista, em observar que Jesus não aboliu a Lei, mas a ratificou com as devidas correções.
ResponderExcluirJoão Nelson.
muito bom o resumo! mas ficou muito abrangente, com muitas informações, para ser um "resumo".
ResponderExcluirResumo muito bem organizado e legível.
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