Capítulo 8:
Os Servos da Promessa: Profetas do Século VIII a.C.
Os Servos da Promessa: Profetas do Século VIII a.C.
(Amos, Oseias, Jonas, Miquéias e Isaías)
Introdução:
Em meados do século VIII, ouve
uma grande intensidade profética, onde o próprio Deus advertia o Reino do Norte
de sua possível destruição, caso não se arrependessem. Deus usou seus servos
para anunciar o seu juízo futuro, afim de que o povo se voltasse para Ele e se
desviassem de seus maus caminhos. O juízo ou o arrependimento teriam de chegar
logo, ou então Deus não seria mais digno de credibilidade.
O Livro de
Amós
Amós viveu em um tempo de calamidade,
onde o povo não estava dando ouvidos a palavra de Deus. Amós era profeta e
denunciava os pecados, trazendo juízo de Deus sobre o povo, dentre a lista de
atrocidades estava, crueldade extrema, tráfico de escravos, seqüestro, massacre
de crianças e mulheres e profanação de cadáveres, todas eram em princípio
violações a aliança de Noé. Para esse tempo conturbado, Deus preparara um
boiadeiro e cultivador de sicômoros da cidade de tecoa, na parte mais agreste
de Judá. Esse sulista foi enviado para o Reino do Norte por volta de 760-745
a.C.,portanto uma mensagem urgente de juízo e salvação, caso o povo se
arrependesse. Amós, de modo muitíssimo claro, contemplava a Deus como soberano
Senhor de toda a terra.Toda nação que deixava de viver a altura daquele padrão
ficava condenada, não pelos seus próprios deuses, mas sim, pelo Deus único,
javé. O profeta Amós é a única pessoa na bíblia com esse nome, que significa
algo como “suportar” ou “colocar uma carga em” o profeta Amós profetizou sobre o dia do Senhor,
advertindo que o Senhor queria que o seu povo andasse de verdade.
O Livro de
Oseias
O livro de Oseias traz o nível de
distância e amor que o povo tinha de Deus. O profeta é compelido a ser uma
referência nos seus dias, a falta de conhecimento de Deus, falta de amor e
bondade e falta de verdade, eram observados naquele âmbito e Deus levantou um
profeta para fazer um trabalho árduo e por meio dele repreender seu povo.Não há
outro profeta que ilustre a demarca o amor de Deus mais claramente do que
Oseias. Sua experiência conjugal foi a chave tanto de seu ministério como de
sua teologia. E assim ficou sendo em Oseias 2:2,5,7 que Gômer, como Israel,
deixou a segurança do seu casamento e correu atrás de outros amantes. O padrão
de fidelidade conjugal seguida de promiscuidade espiritual era precisamente
aquilo de que Jeremias 2 :2 faria lembrar tempos posteriores : “Lembro-me de
ti, da tua fidelidade na juventude(...) de como me seguiste no deserto”. Mais
uma vez Deus expressa seu amor e sua
misericórdia por Israel, e usa um casal para demonstrar o tamanho do seu amor
por seu povo. Há uma ênfase dupla em Oseias: A retidão e o amor de Deus. Porque
ele é justo os homens devem voltar-se ao Senhor e buscá-lo. Alguns dos mais
graciosos convites ao arrependimento em toda a escritura se acham em 6:1-3 e
14:1-3. O Hesed de Deus, é a única palavra que o profeta tinha disponível para
descrever “As riquezas da graça de Deus no coração de Deus”.
O Livro de
Jonas
O livro de Jonas retrata um sinal
da graça de Deus onde um homem fica condicionado a pregar ou anunciar as boas
novas do evangelho a um povo inimigo e ignorante, os assírios, um povo que não
tinha experimentado a graça de Deus sobre as suas vidas. Jonas foi compelido a
ir aquele lugar, onde escolheu viajar fora do país, para Espanha, quando Deus
decidiu resgatá-lo e trazê-lo de volta para cumprir seu chamado. Para levar as
boas novas para um povo hostil e uma nação de gentios! Eis o plano da promessa
de Deus. A graça de Deus se estendeu ao mais hostil e agressivo dos vizinhos
gentios de Israel – os assírios. Onde Jonas dentre quarenta dias tinha para
proclamar e oferecer a esta cidade uma oportunidade para arrependimento, e
portanto, para a misericórdia suspensão da sentença pronunciada por Deus.
O Livro de
Miquéias
Miquéias era um profeta Judeu
morastita, onde seu nome significa: “quem é como/ comparável a Javé”. Seu nome
parecia incorporar a essência de sua mensagem, também, pois o livro conclui com
o que se pode chamar de propósito global para a redação se sua breve profecia. Miquéias
era contemporâneo de Isaías (Is 40:18,25). Miquéias ressaltava a
incomparabilidade de Deus. Onde ele dizia que Javé era o ‘’Senhor de toda
terra’’. Miquéias não podia parar o seu argumento aí, assim como nenhum outro
profeta de julgamento ou ruína pôde fazer. Onde Deus voltaria a reunir o seu
povo, suas ovelhas ‘’o restante de Israel’’. O Serne da mensagem de esperança
proferida por Miquéias encontra-se nos capítulos 4 e 5. E aqui aparecem três
etapas. Em primeiro lugar, deu a Jerusalém a certeza de que, a despeito do fato
de que “Jerusalém se tornará um montão de ruínas”.
O Livro de
Isaías
Isaías, filho de Amós,
entregou-nos um dos livros mais teológicos dentre todos os profetas, seu nome
aparece com freqüência nos livros de 2 Reis e 2 Crônicas. Seu ministério tem
inicio no ano em que o Rei Uzias morreu (740 a.C) e deu continuidade ao longo
dos reinados dos Reis Judeus Jotão, Acaz e Ezequias. Seu termino (de acordo com
a tradição) quando o profeta foi martirizado durante o reinado de Manasséis
(696-642 a.C), dando a Isaias um ministério de quase sessenta anos; a expressão
mais característica em todo o livro é “o Santo de Israel”, expressando o
caráter moral de Deus, trazendo a nossa memória a santidade de Deus na canção
de Isaias 6, pelo que é chamado de tri-sanctus (três vezes santo). Isaías foi, sem sombra de
dúvida, o maior de todos os profetas do Antigo Testamento, pois seu pensamento e doutrina cobriram tão
variada gama de assuntos quanto seu ministério foi de longa duração. A chamada
de Isaías, registrada no capitulo 6, estava no coração de sua teologia.
Enquanto adorava no templo, foi-lhe concedida uma visão do Senhor exaltado em
seu trono, com sua glória – as abas das suas vestes - enchendo o templo. Então,
escutou os servos angelicais entoando louvores a superlativa santidade de Deus,
e viu a gloria de Deus que enchia a terra. Não somente Isaías era indigno, em
comparação com a santidade de Deus; Israel também era indigno “habito no meio
de um povo de lábios impuros” (v.5). Assim, o julgamento divino tinha de ser
pronunciado à medida que uma população obstinada endurecia seu coração como resultado
do ministério de Isaías com esta palavra de santidade (6:9-12). O propósito do
plano de Javé abrangia a terra inteira com suas nações. As nações se levantavam
e caíam de acordo com aquele plano (Is.14 24-27). Quando, porém, o orgulho
nacional se exaltava e motivavam-se por agressão imperialista, essas nações
logo recebiam a advertência de que não podiam continuar assim impiedosamente. Assim
como Javé tratara com Samaria e Damasco durante a guerra siroefraimita, também
trataria com todas as nações. O livro de Isaías é uma obra belíssima onde o
profeta nos traz a vinda do Messias. Isaías profetizou em um tempo remoto onde
o povo de Deus se corrompia e vivia em seus deleites e prazeres. O livro de Isaías
é considerado o livro de romanos do antigo testamento. Assim Isaias terminou
sua magnífica breve teologia.
Excurso B: Os Filhos de Deus e as filhas dos homens (Gênesis 6.1-4).
Existem três posicionamentos para
explicar Gênesis 6.1-4. Podem ser descritos da seguinte forma: (1) a visão das raças
mistas cosmologicamente (a mistura de anjos e humanos); (2) a visão das raças
mistas religiosamente (os piedosos setitas e os mundanos cainitas); e (3) a
visão das raças mistas sociologicamente (aristocratas despóticos e formosas
plebeias ).
O ponto de vista mais antigo e
conhecido é aquele que, os filhos de deus eram “anjos” que abandonaram o céu, então
vindo para a terra, mantiveram relações sexuais “com as filhas dos homens”,
deixando uma raça de “gigantes” (hebr. nephilim).
O livro que relata o assunto é o livro
pseudepigráfico de Enoque (c. 200 a.C.), nos capítulos 6.1 – 7.6, apresenta uma
teoria, Josefo historiador cita em sua
obra (Antiguidades 1.3.1) e a
Septuaginta, a tradução grega do Antigo Testamento feita no século III a.C.
(toda via apenas o manuscrito Alexandrino o faz; a edição crítica da
Septuaginta, por Alfred Rahlfs, não o faz). Todos eles explicam “filhos de Deus”
como anjos, isso ocorre em Jô 1.6; 2.1 e 38.7 (com possível paralelo em 29.1 e
89.7 para “filhos do poderoso”). Em lugar algum das escrituras, nem mesmo
Gênesis 6, é dito que anjos casaram-se com humanos. Na realidade, Marcos 12.25
declara que anjos não se casam.
O outro ponto de vista das raças
mistas religiosamente dá-se tão bem quanto a perspectiva das raças mistas
cosmologicamente. Esta segunda visão, a linhagem apóstata de Sete cometeu o
pecado de colocar-se em jugo desigual com as descrentes “filhas dos homens”, isto
é, mulheres da linhagem de Caím. Este segundo ponto de vista fracassa, pois
emprega o termo “homens” no versículo 1 de
maneira distinta daquela do versículo 2: No versículo 1, significa “humanidade” de maneira geral,
mais, no versículo 2, significa a “Linhagem de Caím” especificamente. Seguindo
o raciocínio, por que será que uma raça mista religiosamente teria resultados
físicos tão dramáticos como a concepção de “gigantes”, conforme se interpreta a
expressão hebraica nephilim gibborim? Até onde se sabe a religião
não afeta o DNA desse modo!
O
melhor ponto de vista é das raças mistas sociologicamente. Os títulos de “filhos
de Deus” era há muito atribuído a reis, nobres e Aristócrates no Antigo Oriente
Próximo. Esses déspotas sedentes pelo poder chegavam a ser “homens de renome”
(Gn 6.4). Pervertiam o conceito de governo entregue por Deus, fazendo o que bem
entendessem. Não se preocupavam com a atribuição primária de Deus ao
estabelecer os governos: trazer alívio por meio de melhorias e correções das
injustiças e iniqüidades terrenas. Além disso, eram polígamos (6.2).
Dessa
maneira, Gênesis 6.1-4 é melhor compreendido como em retrato de governantes
ambiciosos, depósticos e autocráticos que se agarravam ao poder e a mulheres
como lhes aprouvesse. Faziam isso na tentativa de construir sua própria
notoriedade e reputação. Não é nada surpreendente que esse mesmo espírito fosse
transmitido á prole deles. Como resultado dos corações de homens e mulheres, de
governantes ao populacho, ficava cada vez mais perverso. Foi por isso que adveio
o dilúvio: a humanidade tinha de ser julgada por sua perversão daquilo que é
certo, bom e justo, enquanto também se lançava julgamento sobre a instituição
do estado e do governo, que provocaram Deus até o limite.
Com relação ao capítulo VIII, é interessante ver como tais profetas exerceram seus ministérios em meio a um Israel pervertido e idólatra. Chamo atenção ao fato de Deus, mesmo vendo a apostasia de Israel, levantar tais homens para pregar o arrependimento e ratificar a promessa de Deus para com o povo.
ResponderExcluirCom relação ao Excurso B resumido pelo Michael, as tr~s visões citadas pelo Kaiser são bem interessantes. Meu ponto de vista se enquadra na questão de uma mistura social (gigantes eram os reis déspostas da época).
Ademais, ótimos resumos.
Ass.: João Nelson.