sexta-feira, 5 de abril de 2013

Capítulo 8 - Os Servos da Promessa: Profetas do Século VIII a.C.


Capítulo 8: 
Os Servos da Promessa: Profetas do Século VIII a.C.
(Amos, Oseias, Jonas, Miquéias e Isaías)

                                                                                                                                            

Introdução:

Em meados do século VIII, ouve uma grande intensidade profética, onde o próprio Deus advertia o Reino do Norte de sua possível destruição, caso não se arrependessem. Deus usou seus servos para anunciar o seu juízo futuro, afim de que o povo se voltasse para Ele e se desviassem de seus maus caminhos. O juízo ou o arrependimento teriam de chegar logo, ou então Deus não seria mais digno de credibilidade.

O Livro de Amós

Amós viveu em um tempo de calamidade, onde o povo não estava dando ouvidos a palavra de Deus. Amós era profeta e denunciava os pecados, trazendo juízo de Deus sobre o povo, dentre a lista de atrocidades estava, crueldade extrema, tráfico de escravos, seqüestro, massacre de crianças e mulheres e profanação de cadáveres, todas eram em princípio violações a aliança de Noé. Para esse tempo conturbado, Deus preparara um boiadeiro e cultivador de sicômoros da cidade de tecoa, na parte mais agreste de Judá. Esse sulista foi enviado para o Reino do Norte por volta de 760-745 a.C.,portanto uma mensagem urgente de juízo e salvação, caso o povo se arrependesse. Amós, de modo muitíssimo claro, contemplava a Deus como soberano Senhor de toda a terra.Toda nação que deixava de viver a altura daquele padrão ficava condenada, não pelos seus próprios deuses, mas sim, pelo Deus único, javé. O profeta Amós é a única pessoa na bíblia com esse nome, que significa algo como “suportar” ou “colocar uma carga em” o profeta  Amós profetizou sobre o dia do Senhor, advertindo que o Senhor queria que o seu povo andasse de verdade.

O Livro de Oseias

O livro de Oseias traz o nível de distância e amor que o povo tinha de Deus. O profeta é compelido a ser uma referência nos seus dias, a falta de conhecimento de Deus, falta de amor e bondade e falta de verdade, eram observados naquele âmbito e Deus levantou um profeta para fazer um trabalho árduo e por meio dele repreender seu povo.Não há outro profeta que ilustre a demarca o amor de Deus mais claramente do que Oseias. Sua experiência conjugal foi a chave tanto de seu ministério como de sua teologia. E assim ficou sendo em Oseias 2:2,5,7 que Gômer, como Israel, deixou a segurança do seu casamento e correu atrás de outros amantes. O padrão de fidelidade conjugal seguida de promiscuidade espiritual era precisamente aquilo de que Jeremias 2 :2 faria lembrar tempos posteriores : “Lembro-me de ti, da tua fidelidade na juventude(...) de como me seguiste no deserto”. Mais uma vez Deus  expressa seu amor e sua misericórdia por Israel, e usa um casal para demonstrar o tamanho do seu amor por seu povo. Há uma ênfase dupla em Oseias: A retidão e o amor de Deus. Porque ele é justo os homens devem voltar-se ao Senhor e buscá-lo. Alguns dos mais graciosos convites ao arrependimento em toda a escritura se acham em 6:1-3 e 14:1-3. O Hesed de Deus, é a única palavra que o profeta tinha disponível para descrever “As riquezas da graça de Deus no coração de Deus”.

O Livro de Jonas

O livro de Jonas retrata um sinal da graça de Deus onde um homem fica condicionado a pregar ou anunciar as boas novas do evangelho a um povo inimigo e ignorante, os assírios, um povo que não tinha experimentado a graça de Deus sobre as suas vidas. Jonas foi compelido a ir aquele lugar, onde escolheu viajar fora do país, para Espanha, quando Deus decidiu resgatá-lo e trazê-lo de volta para cumprir seu chamado. Para levar as boas novas para um povo hostil e uma nação de gentios! Eis o plano da promessa de Deus. A graça de Deus se estendeu ao mais hostil e agressivo dos vizinhos gentios de Israel – os assírios. Onde Jonas dentre quarenta dias tinha para proclamar e oferecer a esta cidade uma oportunidade para arrependimento, e portanto, para a misericórdia suspensão da sentença pronunciada por Deus.

O Livro de Miquéias

Miquéias era um profeta Judeu morastita, onde seu nome significa: “quem é como/ comparável a Javé”. Seu nome parecia incorporar a essência de sua mensagem, também, pois o livro conclui com o que se pode chamar de propósito global para a redação se sua breve profecia. Miquéias era contemporâneo de Isaías (Is 40:18,25). Miquéias ressaltava a incomparabilidade de Deus. Onde ele dizia que Javé era o ‘’Senhor de toda terra’’. Miquéias não podia parar o seu argumento aí, assim como nenhum outro profeta de julgamento ou ruína pôde fazer. Onde Deus voltaria a reunir o seu povo, suas ovelhas ‘’o restante de Israel’’. O Serne da mensagem de esperança proferida por Miquéias encontra-se nos capítulos 4 e 5. E aqui aparecem três etapas. Em primeiro lugar, deu a Jerusalém a certeza de que, a despeito do fato de que “Jerusalém se tornará um montão de ruínas”.

O Livro de Isaías

Isaías, filho de Amós, entregou-nos um dos livros mais teológicos dentre todos os profetas, seu nome aparece com freqüência nos livros de 2 Reis e 2 Crônicas. Seu ministério tem inicio no ano em que o Rei Uzias morreu (740 a.C) e deu continuidade ao longo dos reinados dos Reis Judeus Jotão, Acaz e Ezequias. Seu termino (de acordo com a tradição) quando o profeta foi martirizado durante o reinado de Manasséis (696-642 a.C), dando a Isaias um ministério de quase sessenta anos; a expressão mais característica em todo o livro é “o Santo de Israel”, expressando o caráter moral de Deus, trazendo a nossa memória a santidade de Deus na canção de Isaias 6, pelo que é chamado de tri-sanctus  (três vezes santo). Isaías foi, sem sombra de dúvida, o maior de todos os profetas do Antigo Testamento,  pois seu pensamento e doutrina cobriram tão variada gama de assuntos quanto seu ministério foi de longa duração. A chamada de Isaías, registrada no capitulo 6, estava no coração de sua teologia. Enquanto adorava no templo, foi-lhe concedida uma visão do Senhor exaltado em seu trono, com sua glória – as abas das suas vestes - enchendo o templo. Então, escutou os servos angelicais entoando louvores a superlativa santidade de Deus, e viu a gloria de Deus que enchia a terra. Não somente Isaías era indigno, em comparação com a santidade de Deus; Israel também era indigno “habito no meio de um povo de lábios impuros” (v.5). Assim, o julgamento divino tinha de ser pronunciado à medida que uma população obstinada endurecia seu coração como resultado do ministério de Isaías com esta palavra de santidade (6:9-12). O propósito do plano de Javé abrangia a terra inteira com suas nações. As nações se levantavam e caíam de acordo com aquele plano (Is.14 24-27). Quando, porém, o orgulho nacional se exaltava e motivavam-se por agressão imperialista, essas nações logo recebiam a advertência de que não podiam continuar assim impiedosamente. Assim como Javé tratara com Samaria e Damasco durante a guerra siroefraimita, também trataria com todas as nações. O livro de Isaías é uma obra belíssima onde o profeta nos traz a vinda do Messias. Isaías profetizou em um tempo remoto onde o povo de Deus se corrompia e vivia em seus deleites e prazeres. O livro de Isaías é considerado o livro de romanos do antigo testamento. Assim Isaias terminou sua magnífica breve teologia.


Excurso B: Os Filhos de Deus e as filhas dos homens (Gênesis 6.1-4).


Existem três posicionamentos para explicar Gênesis 6.1-4. Podem ser descritos  da seguinte forma: (1) a visão das raças mistas cosmologicamente (a mistura de anjos e humanos); (2) a visão das raças mistas religiosamente (os piedosos setitas e os mundanos cainitas); e (3) a visão das raças mistas sociologicamente (aristocratas despóticos e formosas plebeias ).

O ponto de vista mais antigo e conhecido é aquele que, os filhos de deus eram “anjos” que abandonaram o céu, então vindo para a terra, mantiveram relações sexuais “com as filhas dos homens”, deixando uma raça de “gigantes” (hebr. nephilim).  O livro que relata o assunto é o livro pseudepigráfico de Enoque (c. 200 a.C.), nos capítulos 6.1 – 7.6, apresenta uma teoria, Josefo historiador cita em  sua obra (Antiguidades  1.3.1) e a Septuaginta, a tradução grega do Antigo Testamento feita no século III a.C. (toda via apenas o manuscrito Alexandrino o faz; a edição crítica da Septuaginta, por Alfred Rahlfs, não o faz). Todos eles explicam “filhos de Deus” como anjos, isso ocorre em Jô 1.6; 2.1 e 38.7 (com possível paralelo em 29.1 e 89.7 para “filhos do poderoso”). Em lugar algum das escrituras, nem mesmo Gênesis 6, é dito que anjos casaram-se com humanos. Na realidade, Marcos 12.25 declara que anjos não se casam.

O outro ponto de vista das raças mistas religiosamente dá-se tão bem quanto a perspectiva das raças mistas cosmologicamente. Esta segunda visão, a linhagem apóstata de Sete cometeu o pecado de colocar-se em jugo desigual com as descrentes “filhas dos homens”, isto é, mulheres da linhagem de Caím. Este segundo ponto de vista fracassa, pois emprega o termo “homens” no versículo  1 de maneira distinta daquela do versículo 2: No versículo  1, significa “humanidade” de maneira geral, mais, no versículo 2, significa a “Linhagem de Caím” especificamente. Seguindo o raciocínio, por que será que uma raça mista religiosamente teria resultados físicos tão dramáticos como a concepção de “gigantes”, conforme se interpreta a expressão hebraica nephilim gibborim? Até onde se sabe a religião não afeta o DNA desse modo!

                O melhor ponto de vista é das raças mistas sociologicamente. Os títulos de “filhos de Deus” era há muito atribuído a reis, nobres e Aristócrates no Antigo Oriente Próximo. Esses déspotas sedentes pelo poder chegavam a ser “homens de renome” (Gn 6.4). Pervertiam o conceito de governo entregue por Deus, fazendo o que bem entendessem. Não se preocupavam com a atribuição primária de Deus ao estabelecer os governos: trazer alívio por meio de melhorias e correções das injustiças e iniqüidades terrenas. Além disso, eram polígamos (6.2).

                Dessa maneira, Gênesis 6.1-4 é melhor compreendido como em retrato de governantes ambiciosos, depósticos e autocráticos que se agarravam ao poder e a mulheres como lhes aprouvesse. Faziam isso na tentativa de construir sua própria notoriedade e reputação. Não é nada surpreendente que esse mesmo espírito fosse transmitido á prole deles. Como resultado dos corações de homens e mulheres, de governantes ao populacho, ficava cada vez mais perverso. Foi por isso que adveio o dilúvio: a humanidade tinha de ser julgada por sua perversão daquilo que é certo, bom e justo, enquanto também se lançava julgamento sobre a instituição do estado e do governo, que provocaram Deus até o limite.



                                                                                                           Michael Halysson

Um comentário:

  1. Com relação ao capítulo VIII, é interessante ver como tais profetas exerceram seus ministérios em meio a um Israel pervertido e idólatra. Chamo atenção ao fato de Deus, mesmo vendo a apostasia de Israel, levantar tais homens para pregar o arrependimento e ratificar a promessa de Deus para com o povo.

    Com relação ao Excurso B resumido pelo Michael, as tr~s visões citadas pelo Kaiser são bem interessantes. Meu ponto de vista se enquadra na questão de uma mistura social (gigantes eram os reis déspostas da época).

    Ademais, ótimos resumos.

    Ass.: João Nelson.

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