quarta-feira, 8 de maio de 2013



Capítulo 14 - O PLANO DA PROMESSA E AS EPÍSTOLAS PAULINAS DA PRISÃO

Colossenses: a primazia de Jesus e a nova vida em Cristo
Kaise diz que Colossos era uma de três cidades-irmãs(Laodiceia e Hierápolis eram as outras), tendo elas acolhido o evangelho praticamente na mesma época(Cl 4.13). E que as igrejas dessas cidades não foram fundadas pelo apóstolo Paulo, mas provavelmente por Epafras, natural de Colossos. Ele certamente conheceu Paulo (e pode ter sido convertido pelo apóstolo) no tempo em que este permaneceu em Éfeso.

O evangelho, palavra da verdade
A boas novas, cuja origem remonta certamente à promessa feita a Abraão, aparecem aqui solidamente associadas à “palavra da verdade” (Cl 1.5). Essa verdade trazia junto também uma “esperança” (1.5a , metonímia de “uma herança”), “que para vós está reservada no céu “ por Deus(1.5). Essas boas novas compreendiam, entre outras coisas, a inclusão dos gentios como “povo de Deus” (1.27; Gn 12.3; Is 42. 1-4). Havia nisso uma sintonia com a expressão mais antiga do conteúdo do evangelho.

A supremacia de Cristo
De acordo com Kaiser, a supremacia de Cristo na criação é expressa em frases como “imagem do Deus invisível”, “primogênito sobre toda a criação” (Cl 1.15), e na descrição da sua obra, “porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis” (1.16). O titulo de primogênito ressaltava a preeminência do filho em posição e prioridade em relação a toda origem. Não queria dizer que o Filho fora o primeiro objeto da criação divina, criado antes de Deus criar o mundo. A ideia de “primogênito” como “primeiro em posição”, “primeiro em preeminência”, e não “primeiro em ordem cronológica” fica evidente no fato de que Jacó (mais tarde chamado de Israel) foi o segundo filho de Isaque e Rebeca; no entanto, ele é chamado de “primogênito” em Êxodo 4.22, tal como Davi, o precursor do Messias, no Salmo 89.27.
Cristo excede toda sabedoria, porque ele é uma pessoa eterna, não criada, que se encarnou incorporando todos os atributos divinos. Ele é soberano
do reino a que os santos pertencem; portanto, sua supremacia se estende a todas as coisas.

Nova vida em Cristo
Uma nova humanidade se formou como consequência de as pessoas terem se revestido “do novo homem, que se renova para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl 3.10)
Os crentes foram ressuscitados com Cristo, assim, sua mente e coração estão voltados para as “coisas de cima” e não para as “que são da terra”. São pessoas novas em Cristo Jesus.

A heresia colossense
Não se sabe ao certo se a heresia exposta era de natureza helênica ou judaica. Talvez fosse um pouco das duas coisas, uma mistura eclética de ideias, mas era cedo demais para encontrar aqui alguma forma cristã consolidada de gnosticismo do século II. Tratava-se, contudo, de “filosofias vãs e enganasas”.
Não dando a essas tendências uma visibilidade, Paulo foi além de todas as asserções especulativas e anunciou que Cristo era o “primogênito” e razão de tudo ser criado.

Filemon: comunhão alicerçada no evangelho
Kaiser discorre que, Paulo escreve esta carta particular a Filemon, quando estava na prisão (Fm 9). Ele, Filemon, fora ganho para Cristo pelo ministério de Paulo durante a longa permanência do apóstolo em Éfeso(At 19.26).
Filemon tinha um escravo chamado Onésimo, que fugira. A carta foi escrita nesse contexto.
Na nova humanidade que Deus reunira em seu corpo, a igreja, todo tipo de barreira econômica, social, política e racial havia sido derrubada. Existia uma comunhão (koinonia, Fm 6-17) que ia muito além da simples tolerância com quem era diferente. Essa unidade em Cristo deu novo status a cada membro do corpo que desafiava as normas culturais da época (e de todas as épocas desde então). Paulo expõe o motivo porque
escreveu essa carta em Filemom 6; certamente essa comunhão se refere à participação em Cristo que permite aos crentes se envolverem uns com os outros em um compatilhamento que jamais sonharam ser possível antes de se converterem.
A comunhão, neste caso, implicaria o perdão de Filemom a Onésimo, a plena reconciliação dos dois em um ambiente de harmonia entre todos os que participavam da igreja que se reunia na casa de Filemom.
Paulo vai direto ao ponto “Se, portanto, me consideras companheiro, recebe-o, como se fosse a mim mesmo”(Fm versículo 17). Assim, parece que Filemom não só perdoou, de fato, a seu escravo recém-convertido, como também o recebeu como verdadeiro irmão em Cristo.

Efésios: o mistério de Deus
Kaiser aponta que Paulo, quando ainda estava na prisão em Roma, identificou-se como o autor da carta aos santos em Éfeso.
A carta foi enviada por intermédio de Tíquico, que acompanhara Paulo em parte de sua terceira viagem missionária.
Diferentemente da maior parte das outras treze (ou quatorze) epístolas de Paulo, Éfesios não apresenta nenhuma questão ou propósito urgente explicitado na carta. Chama atenção de maneira especial a ênfase de Paulo no ‘’mistério de Cristo’’.

O mistério de Cristo
Cristo era a fonte da paz (2.14), não apenas de uma mera tranquilidade dispensada a cada um, mas de reconciliação racial entre judeus e gentios.
Jesus destruiu a parede da separação que havia sido erguida no templo. Em seu lugar, ele criou uma humanidade inteiramente nova constituída de judeus e gentios reunidos em um só corpo.
Portanto a grande verdade a ser mais plenamente revelada era o ‘mistério de Cristo’ (3.4), ‘que em outras gerações não foi manifestado aos homens, da forma como se revelou agora no Espirito aos seus santos apóstolos e profetas’ (3.5)

O propósito dessa revelação do mistério que estava no âmago da pregação paulina consistia em tornar “as riquezas insondáveis de Cristo’’, acessíveis a todos os gentios à igreja de Deus.

A igreja e o Espírito Santo
O livro de Efésios enfatizou muito também o “Espirito Santo da promessa” (1.13), que estava no coração da igreja (1.13; 2.18; 3.5,16; 4.3, 4.30; 5.18; 6.17). O Espírito Santo na vida do crente, disse Paulo, era o “anel de compromisso” divino de que ele completaria sua obra de salvar homens e mulheres até o dia da ressureição.
O Espírito Santo era também o meio pelo qual temos acesso ao Pai (2.18-22). Além disso, ele era a fonte da unidade de todos os crentes, no passado e no presente, próximos ou distantes, étnica e culturalmente semelhantes ou não.

A armadura de Deus
O autor, Kaiser, afirma que Paulo conclui essa ênfase tripla sobre a riqueza, a caminhada, e a armadura do crente, mostrando de que maneira os crentes deveriam se equipar para resistir às investidas do inimigo na batalha espiritual.
Faziam parte dessa armadura completa: o cinto da verdade, a couraça da justiça e o capacete da salvação. As armas ofensivas eram a espada do Espírito, que é a palavra de Deus, e a oração por todos os santos e por Paulo, para que ele pudesse “tornar conhecido o mistério do evangelho” (6.19). Paulo, escrevendo aos efésios, queria ver a nova humanidade de Deus trabalhando e operando no poder e na bênção de Deus. Todas as barreiras deveriam ser postas abaixo imediatamente, e Cristo, exaltado acima de todas as coisas.

Filipenses: imitação de Cristo
Segundo Kaiser, a fé cristã provavelmente chegou a Filipos pela primeira vez por volta de fins do ano 50 d.C., quando o apóstolo Paulo atendeu ao apelo do macedônio que apareceu em visão.
Cinco anos depois, no outono de 55 d.C., Paulo visitou novamente a Macedônia e esteve em Filipos. Na primeira do ano seguinte, quando
voltava para Jerusalém, o apóstolo comemorou novamente a Páscoa em Filipos na companhia dos crentes (20.6).
Paulo escreveu a carta aos filipenses na prisão (Fp 1.7, 13, 17), embora não tenha mencionado em cidade estava.
Os objetivos de Paulo ao escrever esta carta, porque havia vários, tinham como propósito agradecer pela ajuda monetária que essa igreja tinha enviado pelas mãos de Epafrodito, “para me socorrer nas minhas necessidades” (2.25; 4.14-18); informar sobre a gravidade do estado de saúde de Epafrodito (2.29-30), que agora estava recuperado; informar sobre a situação em que o apóstolo se encontrava; apelar às duas mulheres em conflito para que se reconciliassem e permanecessem unidas (4.2-3); e recomendá-los a Timóteo, que se preparava para visitá-los (2.19-24). Contudo, o que Paulo queria dizer-lhes, mais do que tudo, era que imitassem a Cristo (2.5-11).
A imitação de Cristo
Não há duvida de que Jesus Cristo dá o tom ao livro de Filipenses e esta no centro de sua argumentação. Não há duvida também de que o hino do capitulo 2, versículo 6 a 11, é tanto o ponto alto quanto o que Paulo queria dizer de mais importante a esses destinatários tão receptivos à mensagem que ele pregara.
Em vez de preocupar-se com seus próprios interesses, os crentes deveriam demonstrar o mesmo tipo de humildade e altruísmo que Jesus demonstrara (2.4-5). Isso levou ao corolário magnífico dessa reflexão, comumente conhecido como “passagem da kenosis” em razão da palavra-chave (ekenosen) encontrada em Filipenses 2.7: “Jesus se reduziu a nada” (LEB), “esvaziou a si mesmo”.
A encarnação de nosso Senhor é notável, sobretudo quando nos lembramos  de que Jesus, por sua própria natureza, era nada menos do que o próprio Deus. Todavia, esse status elevado e a plena igualdade de que ele desfrutava  junto de Deus antes da encarnação não eram algo em que ele insistisse ou que explorasse à guisa de pretexto para não descer à terra, viver e morrer pela salvação dos mortais (2.6b).

O contraste, portanto, consistia em colocar diante dos nosso olhos a posição de suprema autoridade de Jesus e a pessoa que ele se deleitava em ser antes de encarnar, contrastando-a com a forma pela qual ele se tornou humano e experimentou o mais profundo sofrimento ao suportar nossos pecados em obediência a Deus. Sim, ele foi “obediente até a morte, e morte de cruz” (2.8b).
Deus o exaltou sobremaneira e deu-lhe nome que está acima de todo nome (2.2-10). Portanto, aqui está a representação do Cristo exaltado, agora na glória do Pai. Esse foi o modelo que Paulo colocou diante de Evódia e Síntique, que viviam às turras. Elas e todos os demais crentes precisavam de mentalidade e de atitude totalmente novas (2.5) que imitassem como Cristo agira e vivera. Esse é o tipo de relacionamento que Cristo queria que seu corpo, a igreja, tivesse.
Paulo queria certificar-se de que nada que acontecesse a ele, ou aos filipenses, afetasse a causa de Cristo, ou do evangelho (Fp 1.27-30; 3.1 – 4.9). Esse evangelho era o coração e alma de tudo o que eles, juntos, representavam em Cristo. Juntos, não individualmente.
Filipenses, epístola tão cheia de contentamento, deixou claro qual era o prêmio para o qual todos os crentes são chamados: “alcançar aquilo para que também fui alcançado por Cristo Jesus” (3.12-14). Paulo expôs uma cristologia de vocação celestial do evangelho.

Aluno: Thalison Evangelista



2 comentários:

  1. Excelente resumo do capítulo. Muito esclarecedor, ainda que compacto. Ressalva a beleza do estabelecimento no estado de "já e ainda não" da promessa de Deus, como, por exemplo, no envio do Espírito Santo.

    João Nelson.

    ResponderExcluir
  2. Esclarecedor com respeito a visão das Promessas ao Povo de Deus na nova aliança no NT.

    ResponderExcluir